São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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O elixir da eternidade

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Enquanto o presidente Fernando Henrique Cardoso tenta afastar a sorrisos os virtuais adversários de 98, os operadores políticos do governo tratam de limpar a área legal para facilitar sua trajetória rumo ao segundo mandato.
Como presidente, Fernando Henrique já tem uma exposição sistemática na mídia e a Esplanada dos Ministérios inteira para assessorar sua campanha. Tem, ainda, a caneta que nomeia, as verbas que constroem e os palanques que inauguram.
Não satisfeito, ele parece querer podar algumas pequenas e eventuais vantagens dos adversários. Como o tempo de proselitismo na tevê e a possibilidade de rearticulação das forças oposicionistas no segundo turno.
O senador Francelino Pereira (PFL), por exemplo, apresenta na segunda-feira um parecer reduzindo significativamente a possibilidade de segundo turno nas eleições presidenciais.
Como na Argentina da reeleição de Menem, bastariam 45% do total dos votos válidos e 10% a mais que os do segundo colocado para que o candidato favorito fechasse a eleição rapidinho, já no primeiro turno.
Francelino garantiu ontem que o projeto não tem o dedo do Planalto, mas os presidenciáveis de plantão estão convencidos do contrário. Acham que faz parte de um pacote de iniciativas que vêm sendo contrabandeadas no Congresso para facilitar a vida do candidato Fernando Henrique e dificultar a de seus adversários.
Outro exemplo é a redução drástica nos prazos das convenções partidárias e no tempo de campanha de rua e de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. O que, aliás, Francelino também defende.
Essa ansiedade de Fernando Henrique e seus aliados tem duas leituras, que se completam. A primeira é a de que ele, no duro, no duro, teme a campanha. A segunda, a de que gostaria de transformar a eleição num procedimento simplesmente formal.
Neste caso, teremos saído da fase da reeleição, a caminho da mera recondução ao cargo. A próxima etapa pode ser a do parlamentarismo em 2002. Ou seja: a de FHC para sempre.

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