São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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A justiça de cada um

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - A convivência com desmandos, truculência, agressão, desrespeito e violência acaba, com o tempo, operando transformações extremamente perniciosas para o convívio democrático e a cidadania.
Não pode ser outra a explicação para alguns resultados de uma pesquisa realizada em oito municípios do Estado do Rio, inclusive e principalmente a capital, para aferir a quantas anda o relacionamento do cidadão com alguns preceitos básicos da liberdade.
A pesquisa, publicada em relatório com o título "Lei, Justiça e Cidadania", foi patrocinada pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea da Fundação Getulio Vargas e pelo Iser -Instituto de Estudos da Religião.
Alguns resultados da enquete surpreendem negativamente. Conheça os mais intrigantes.
Diante da assertiva "os bandidos não respeitam os direitos dos outros, por isso não merecem ter seus direitos respeitados", nada menos que 63% dos 1.578 entrevistados afirmaram concordar inteiramente com essa idéia que subverte a noção de Justiça. Os que discordam totalmente do "olho por olho, dente por dente" somaram apenas 20%.
Outra: questionados sobre o que achavam do fato de policiais empregarem métodos violentos para conseguir confissões de suspeitos, 40% consideraram que essa atitude é justificável em alguns casos, 4% disseram que é sempre justificável, contra 52% que a consideram injustificável.
Mais uma: diante da decisão de pessoas que participam de linchamentos, 11% disseram que trata-se de uma atitude certa e 40% consideraram a atitude errada, mas "compreensível".
A pesquisa é bem mais ampla e envolve muitos outros tópicos que ocupariam espaço além do permitido por esta coluna.
Mas os acima selecionados servem para dar uma idéia de que não se sai impunemente da convivência prolongada com os altos índices de violência.

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