São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
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Limite de gastos da lei não é alcançado

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

A um ano e meio do prazo dado pela Lei Camata para que os Estados limitem seus gastos com servidores a 60% das receitas líquidas, a situação financeira dos governos não melhora.
Os secretários da Fazenda do Espírito Santo, Rogério Medeiros, e da Administração e Recursos Humanos do Rio Grande do Sul, Otomar Vivian, disseram à Folha que dificilmente seus Estados conseguirão reduzir os gastos com servidores no prazo da lei.
Os dois Estados estão entre os que mais gastam com funcionalismo. O Rio Grande do Sul consome 86,8%% de sua receita líquida com servidores.
Contas diferentes
"Quase todos os nossos servidores (cerca de 250 mil) são estáveis. Não adianta aprovar uma reforma administrativa que não esteja sintonizada com a Lei Camata e que não permita a demissão de tantos quanto forem necessários para atingir o limite da lei", diz Vivian.
O caso do Espírito Santo, mais grave, mostra ainda que, à medida que se aproxima o prazo limite previsto pela Lei Camata, os números começam a ficar confusos.
Segundo o Tesouro Nacional, o Espírito Santo gasta 67,3% de sua receita com pessoal, um percentual privilegiado. Já para o governo do Estado, esse número é de 93%, um péssimo índice, que só é melhor que o de Alagoas (105,6%).
A origem da diferença entre os dois números é um benefício fiscal que, há 20 anos, o governo capixaba concede para empresas que usam o porto de Vitória para importar produtos.
Em vez de pagar ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ao Estado, essas empresas ficam com o dinheiro sob a forma de empréstimo de longo prazo, com juros baixos.
"O governo federal calcula nossas receitas como se o benefício não existisse e o ICMS tivesse entrado no caixa", diz Medeiros. "A realidade é outra. Nossos funcionários ganham os melhores salários do país e a situação do caixa do Estado é péssima."
Apesar disso, Medeiros diz que o Estado não vai abolir o benefício.
(MA)

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