São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para pesquisador, corte radical é saída

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para equilibrar seus caixas, os Estados teriam de cortar na própria carne, diminuindo radicalmente a máquina administrativa e reduzindo sua participação em setores onde a presença do governo é essencial -saúde, segurança e educação.
Essa é a avaliação de Ricardo Ernesto Vasquez Beltrão que, com Maria Rita Garcia Loureiro Durand, da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, trabalha numa pesquisa sobre os PDV (Programas de Demissão Voluntária) adotados pelas atuais administrações. A primeira fase desse levantamento inclui dados até março.
Nos PDV, tem sido grande a adesão de funcionários exatamente das áreas consideradas prioritárias pelo governo, como saúde e educação. Um exemplo é o de Alagoas, onde 36% dos servidores que saíram eram professores.
O ministro da Administração, Luiz Carlos Bresser Pereira, disse à Folha que essa situação mostra o "desastre" que é o governo em Alagoas. Para ele, o governo Divaldo Suruagy (AL) foi um "escândalo" administrativo.
"Não só deu aumento no começo do governo, como também fez um programa de desligamento voluntário que permitiu aos professores pedirem demissão. Uma quantidade enorme saiu e eles ficaram sem dar aulas para crianças."
Embora Bresser Pereira elogie o governador Mário Covas, de São Paulo, como um dos que está procurando resolver a questão do Estado, também no caso do PDV paulista foi significativo o grau de adesão de professores.
Outro problema recorrente nos PDV, segundo Beltrão, foi a maior adesão comparativamente de funcionários com baixos salários. Com isso, mesmo nos Estados onde o número de servidores que entraram no programa foi grande, o resultado em termos de redução de custos foi baixo.
Um exemplo é o do São Paulo, onde o grau de adesão foi de 1,8% dos funcionários habilitados a entrar no programa, mas a redução na folha de pessoal foi de apenas 0,6%, de acordo com os cálculos de Beltrão.

Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Limite de gastos da lei não é alcançado
Próximo Texto: Governo valoriza carreiras 'estratégicas'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.