São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997 |
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Agente administrativo vive de empréstimos
BETINA BERNARDES
Trabalhando há 15 anos no Ministério da Marinha, ele conta que seu salário líquido atual é de R$ 500. A renda familiar total gira em R$ 800, juntando os cerca de R$ 300 que a mulher, Maria de Fátima, também funcionária pública, recebe como agente de portaria. "Obviamente não dá para chegar até o final do mês. Nosso padrão de vida caiu substancialmente", diz Costa. A primeira providência foi tirar o filho mais velho, de 16 anos, da escola particular. Os outros foram direto para a pública. A medida não foi suficiente. "Tivemos que diminuir de 30% a 40% os gastos com alimentação", afirma. As compras passaram a ser feitas com cartão de crédito para jogar a dívida para a frente. "Mesmo assim, tenho que recorrer frequentemente ao meu sogro e pedir dinheiro para custear gastos básicos", conta. As viagens anuais a Minas Gerais para visitar parentes também foram cortadas. "Lazer, nem pensar. Antes, costumávamos ir ao cinema, lanchávamos fora, íamos ao zoológico. Agora, é só televisão", afirma Costa. Para os servidores aposentados a situação não é muito diferente. José Francisco dos Santos, 58, se aposentou na função de mestre em eletricidade no Ministério da Justiça há uma ano e oito meses, após 33 anos de serviço. Recebe R$ 856 mensais, única fonte de sustento da família, formada pela mulher e dois filhos. "Os dois terminaram o 2º grau e não conseguem arrumar emprego. Eu não tenho como pagar um curso pré-vestibular", diz. A dívida com o banco por causa do cheque especial está na casa dos R$ 1.500, fora as prestações pela compra do apartamento. "Estou inadimplente com minhas dívidas e, o pior, é que não há perspectiva de que a situação melhore." Texto Anterior: Educação é setor mais atingido por cortes no Estado de SP Próximo Texto: Britto cobra ajuda imediata do governo Índice |
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