São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
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Abertura econômica afeta economia local

SÉRGIO LÍRIO
DO ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

Os incentivos fiscais -que chegaram perto de R$ 3 bilhões em 96- não evitaram os efeitos da abertura econômica sobre o nível de emprego na Zona Franca de Manaus (ZFM).
As empresas da região também foram obrigadas a reduzir custos e buscar o aumento de produtividade para resistir à competição.
O resultado é que, nos últimos sete anos, as 300 maiores empresas da ZFM fecharam cerca de 27 mil postos de trabalho, segundo levantamento da Suframa.
Em 90, elas empregavam 76,7 mil trabalhadores. Em 96, esse número tinha caído para 48 mil.
O presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), Cristovão Marques, acredita que, somadas todas as empresas instaladas na ZFM -617 no total-, o número de vagas eliminadas no período tenha chegado a cerca de 50 mil.
O pior momento da economia da Zona Franca ocorreu entre 91 e 93. Muitas empresas instaladas na região deixaram de produzir para importar produtos. Era mais fácil e lucrativo.
Ficaram conhecidas como "maquiadoras". O único trabalho que tinham era encaixotar os produtos e colocar o carimbo do local.
O resultado foi que, em 93, o total de empregos diretos nas 300 maiores empresas caiu quase pela metade: restaram 37 mil postos de trabalho, segundo a Suframa.
Com a criação do processo produtivo básico, a partir de 93, já no governo Itamar Franco, houve a recuperação de 11 mil vagas.
O processo produtivo básico obrigou as empresas a montarem uma parte dos produtos na Zona Franca. O percentual dessa parte varia de acordo com cada setor.
Apesar disso, o índice de insumos importados na composição do produto cresceu. Representava 19% do total dos insumos em 90 e saltou para 48% em 96.
Mesmo com a adoção do processo produtivo básico, o total de empregos está longe de alcançar o nível do início da década.
O professor Samuel Benchimol, da Universidade Federal do Amazonas, diz que a culpa do desemprego não está na importação de insumos, mas na reestruturação industrial da década.
Segundo ele, a redução dos empregos industriais na ZFM é parte de um processo que acontece em todo o mundo. "Crescimento industrial sem emprego é uma tendência do século."
Exportar
O superintendente da Zona Franca, Mauro Costa, acha que a solução para os problemas da região está na exportação do excedente de produção.
A Suframa e empresários da região estudam uma forma de viabilizar a exportação de eletroeletrônicos para a Venezuela.
(SL)

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