São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
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Real se desvalorizou 8% em 1 ano e meio

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A política cambial mantida atualmente pelo Banco Central provocou desvalorização real de 8,3% da moeda brasileira em relação ao dólar de janeiro de 1996 a junho deste ano.
Mas ainda resiste a sobrevalorização de 7,7% diante do dólar, em relação à situação de junho de 1994, véspera do início do Real.
Esses cálculos foram realizados com base no indicador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) registrado no boletim de julho da entidade, que usa como parâmetro de comparação índices de preços industriais.
A diminuição da sobrevalorização do real em relação ao dólar ocorre desde julho de 1995.
Nessa época, o Banco Central adotou um mecanismo de recuperação da taxa de câmbio real por meio da correção mensal da taxa nominal um pouco acima da variação dos preços.
Em média, essa desvalorização nominal foi de 0,65%. Em julho, particularmente, de 0,61%.
Uma possível alteração nessa política não é bem-vista pelo mercado, nem pretendida pelo governo. A indicação de Gustavo Franco para presidir o BC acentua essa determinação.
Uma desvalorização mais forte do iene e do marco alemão, ao aumentar o valor do real em relação a essas moedas, tornaria os produtos brasileiros menos competitivos no Japão e Alemanha.
Seria como balde de água fria nos esforços do governo para aumentar a competitividade dos produtos nacionais no mercado interno e externo e, assim, reduzir o desequilíbrio na balança comercial.
Segundo Fabio Giambiagi, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, se o governo viesse a determinar uma desvalorização mais acentuada do real, teria que aumentar as taxas de juros para manter os fluxos de capital.
"Nessas condições, se não mexer na taxa de juros, o país se tornará menos atraente. Se mexer, haverá problemas para as contas públicas", diz Giambiagi, que não recomenda alterações no câmbio.
Segundo Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, em um cenário como esse, restaria ao governo conter o consumo interno -para restringir a demanda por importados e gerar excedentes maiores para as exportações.
(DCM)

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