São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
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Autoritarismo

RODRIGO BUENO

Como o futebol tornou-se tão competitivo, uma guerra de milhões de dólares, os grandes clubes apostam na linha-dura para obter sucesso. Barcelona e Real Madrid, proprietários de alguns dos melhores jogadores do planeta, são as maiores provas de que o autoritarismo é a nova tendência no esporte.
Os principais reforços dos dois supertimes são, respectivamente, o holandês Van Gaal e o alemão Heynckes, técnicos com perfil de ditadores. Ambos já impuseram a seus atletas uma severa lista de ordens.
No que se refere à pontualidade, Van Gaal é britânico. Às 7h30, os jogadores devem acordar. Os treinos, três ao dia, são religiosamente às 8h, 11h e 18h. Para comer, os atletas têm só meia hora. Heynckes não fica atrás. Não dá treinos com mais de 90 minutos, de tão intensos.
A vestimenta é questão de honra para os treinadores. No Barcelona, os jogadores não podem de forma alguma deixar a camisa para fora do calção. No Real, é obrigatório o uso do traje oficial do time em viagens e atos públicos. Até nos treinos devem estar uniformizados.
Outro ponto importante para Van Gaal e Heynckes são os "comes e bebes". O holandês chega a controlar o consumo de água nos treinos. O alemão veta carnes vermelhas. Passa uma dieta com verduras e peixes.
No Barcelona, apenas quatro atletas podem dar entrevistas em um dia. Celulares são vetados em ônibus e refeitórios. No Real, os craques têm de deixar o vestiário devidamente limpos.
A onda do "pulso firme" está se globalizando. O Milan dispensou o idealista Arrigo Sacchi e foi buscar o metódico Fabio Capello. Renaldo e Flávio Conceição têm problemas no La Coruña, mesmo sendo ídolos, por terem desobedecido instruções de Carlos Alberto Silva. E o inimigo número um dos cabeludos, Daniel Passarela, ganhou segurança para dirigir a Argentina na Copa após seguidos triunfos nas eliminatórias.

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