São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
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Colóquio discute a " utopialândia"

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 110 anos de seu nascimento, estudiosos da obra de Blaise Cendrars no Brasil, na França, Suíça e Itália se reúnem na USP para debater a "aventura pau-brasil" do escritor suíço.
Edições e reedições de suas obras e de livros a seu respeito também virão à luz neste ano.
O evento "A Utopialândia de Blaise Cendrars", que começa amanhã e prossegue até sexta-feira, trará ao país Miriam Cendrars, filha do escritor e também sua biógrafa, o poeta francês Frédéric Jacques Temple, além dos pesquisadores Claude Leroy e Pierre Rivas (ambos da Universidade de Nanterre).
Os suíços Jean-Carlo Flückinger e Judith Trachsel representam o Centro de Estudos Blaise Cendrars da cidade de Berna, e Marius Michaud, o Fundo Blaise Cendrars e a Biblioteca Nacional Suíça. O professor italiano Rino Cortiana, da Universidade de Veneza, falará sobre Cendrars e Marinetti.
Entre os brasileiros que participarão do encontro estão os críticos João Alexandre Barbosa, Leyla Perrone-Moisés, Benedito Nunes e o poeta Haroldo de Campos.
Além do colóquio, a USP realiza no Instituto de Estudos Brasileiros uma exposição de documentos sobre as relações do escritor com o Brasil, que contará com material inédito vindo da Suíça.
Completa a programação um ciclo de filmes a serem exibidos no Cinusp, na Cidade Universitária. A exibição mostrará trabalhos, entre outros, de Joaquim Pedro de Andrade e Abel Gance.
O retorno de Cendrars às livrarias acontece com a tradução, pela Editora Francisco Alves, de "O Loteamento do Céu" e "O Homem Fulminado", dois romances inéditos no Brasil, e a reedição de "Ouro", lançado anteriormente pela Editora L&PM. Os livros devem ser lançados até dezembro.
Nesta semana, chega às livrarias "Blaise Cendrars no Brasil e os Modernistas" (Ed. 34), da crítica de arte Aracy Amaral.
Também será reeditado nos próximos meses, pela Edusp, o clássico estudo de Alexandre Eulalio "A Aventura Brasileira de Blaise Cendrars", sob a coordenação do professor Carlos Augusto Calil, um dos principais estudiosos do escritor no Brasil e organizador do colóquio na USP com a professora Maria Teresa de Freitas.
A reedição de "A Aventura Brasileira..." trará traduções inéditas de Cendrars feita por Eulalio (leia um trecho à pág. 5-7).
"Ainda há muito a ser descoberto sobre Cendrars", afirma Calil, baseando-se nos inúmeros documentos e cartas do escritor.
"Preparo agora", diz, "um livro que trará material inédito sobre Cendrars, como as cartas trocadas entre ele e Paulo Prado, que estão em poder do neto de Prado" (leia uma das cartas à pág. 5-6).
Entre as revelações levantadas por Calil, consta uma carta em que Cendrars fala da necessidade da preservação do patrimônio histórico brasileiro. Isso em 1924.
"Essa idéia surge depois de sua visita às cidades históricas de Minas Gerais, em que fica escandalizado com o abandono completo que encontra."
Outro aspecto de Cendrars a ser esclarecido, continua Calil, é o de que visitou ao Brasil com o intuito de fazer literatura. Na verdade, ele teria vindo para "ganhar dinheiro". "Tentou negociações na área imobiliária e montou um escritório para a propaganda do Brasil no exterior."
(MR)

OS EVENTOS
Colóquio "A Utopialândia de Blaise Cendrars": A partir de amanhã até o dia 8/8, sessões diárias pela manhã e à tarde, no auditório Lupe Cotrim, da Escola de Comunicações e Artes, da USP. Mostra de filmes no Cinusp, também na Cidade Universitária, SP. Informações e inscrições: Pelos tels. 011/818-4645 ou 818-4583.
Exposição sobre Cendrars: A partir de amanhã até 19/9, no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), na USP.
Lançamento: Do livro "Blaise Cendrars no Brasil e os Modernistas", de Aracy Amaral, na quarta-feira, dia 6, a partir das 19h, na Livraria Cultura (av. Paulista, 2.073, Conj. Nacional, São Paulo).

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