São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Usina abastecerá 6 milhões

DA AGÊNCIA FOLHA

As primeiras três turbinas da hidrelétrica Porto Primavera devem entrar em operação no segundo semestre de 98, com a produção de 300 megawatts/hora, o suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes.
Outras 11 turbinas deverão ser ativadas até 2001. Em plena potência, Porto Primavera produziria 1,8 MW/h, o que daria para atender a 20% da demanda do Estado de São Paulo.
O presidente da Cesp, Andrea Matarazzo, 40, disse que é um "compromisso" da empresa a realização de obras de compensação e mitigação dos danos causados pela hidrelétrica previstos no Estudo de Impacto Ambiental e seu Relatório (EIA/Rima).
Para ele, o "desastre maior" da usina foi ter se arrastado por 17 anos por falta de dinheiro.
Por conta do tamanho dos danos ambientais, Matarazzo admite que hoje "dificilmente" uma obra semelhante seria iniciada, mas ele a considera vital para o abastecimento de energia elétrica das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Ele informou que já foram gastos R$ 7,5 bilhões, incluindo a obra, juros, indenizações e desapropriações, sendo necessários mais R$ 1,2 bilhão para o término da obra.
A discussão sobre os danos e as compensações devem se acentuar a partir de agora, com a análise do EIA/Rima por parte do governo de Mato Grosso do Sul, que só então concederia a licença de operação da hidrelétrica.
O diretor de meio ambiente da Cesp, Daniel Salati, 56, disse que a escassez de peixes no Rio Paraná decorre de anos de ocupação irregular na região.
"Não discordo que as hidrelétricas tenham influência sobre a situação do rio, mas estão longe de serem as maiores responsáveis", disse Salati.
Segundo ele, a conclusão da obra vai acabar com a "angústia" de centenas de famílias. Ele acredita que o principal problema trazido pela demora da obra foi social.
Salati disse que o desmatamento das matas ciliares e o despejo de esgoto nos principais afluentes são os fatores (alheios à usina, segundo ele) que mais comprometem o rio. "Já na década de 70 os pescadores reclamavam da falta de peixes no rio Paraná."
Para Salati, é possível recuperar o rio com uma série de ações que a Cesp pretende executar. "Recuperada, a lagoa que será formada pela hidrelétrica pode se tornar até um ponto turístico", prevê.
O diretor da Cesp informou ainda que a empresa está adquirindo uma fazenda de 10 mil hectares, do Grupo Cisalpina em Brasilândia (MS), para servir de refúgio de animais.

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