São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Rainha volta ao Ceará em busca de testemunha

PAULO MOTA

PAULO MOTA; JOÃO WAINER
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Líder do MST se reúne com trabalhadores rurais de Madalena, onde afirma ter estado no dia em que houve o crime no Espírito Santo

JOÃO WAINER
José Rainha Júnior, um dos líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), esteve ontem na fazenda São Joaquim, em Madalena (CE), buscando testemunhas e provas para sua defesa no novo julgamento do crime pelo qual foi condenado a 26 anos e seis meses de prisão.
No julgamento, em 11 de junho, em Pedro Canário (270 km de Vitória), ele foi condenado como responsável pelo assassinato do fazendeiro José Machado Neto e do soldado da PM Sérgio Narciso, crimes ocorridos na mesma cidade, no dia 5 de junho de 1989.
A defesa de Rainha defende a tese de que ele liderava uma invasão à fazenda São Joaquim, em Madalena (182 km a oeste de Fortaleza), no dia do crime. A invasão começou no dia 25 de maio daquele ano. O novo julgamento está previsto para o dia 16 de setembro.
Ontem, Rainha reuniu-se com cerca de cem moradores do assentamento formado pelo Incra na fazenda, atrás de provas de sua presença no local na época do crime.
Acompanhado dos advogados Luiz Eduardo Greenhalgh e Aton Fon Filho, mostrou aos moradores uma fita de vídeo, filmada em 30 e 31 de maio de 1989, com imagens da invasão da fazenda.
Na fita, Rainha aparece numa audiência com o governador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ocorrida no dia 30, em Fortaleza, e em atividades do acampamento formado com a invasão da fazenda.
Segundo Greenhalgh, pelo menos 20 pessoas presentes à reunião foram identificadas na fita. "O depoimento delas permitiu reconstituir os passos de Rainha no Ceará, do dia 25 de maio até o dia 7 de junho de 1989, quando foi realizada uma missa na fazenda São Joaquim", afirmou Greenhalgh.
Disse que colheu depoimentos de 15 testemunhas e que pretende apresentá-los como anexos ao julgamento. "Os cinco depoimentos mais fortes vamos apresentar como testemunhas ao júri."
O padre Pedro Paulo Cavalcanti, que era vigário de Madalena na época do crime, será uma das novas testemunhas a serem apresentadas ao júri. Ele conta que anotou em sua agenda pessoal um encontro com Rainha, no dia do crime.
Rainha disse que o MST vai levar para o novo julgamento uma caravana com todas as pessoas que queiram testemunhar que ele estava no Ceará, na época do crime.

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