São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Tupac Amaru é vetado

DO ENVIADO ESPECIAL

O não ao pedido de ingresso de duas organizações armadas agitou a última sessão do "Foro de São Paulo".
O Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), do Peru, e o Movimento Todos pela Pátria, da Argentina, não conseguiram a "carteirinha" para entrar no fórum.
O veto foi baseado na tradição de só dar sinal verde a partidos e organizações quando há unanimidade a favor entre congêneres do país a que pertence o autor do pedidos.
No caso do MRTA, nenhum dos partidos peruanos com assento no fórum aceitou a entrada do grupo que, no final do ano passado, tomou de assalto a embaixada do Japão em Lima, sequestrando, de início, cerca de 400 pessoas.
"Os peruanos acham que o MRTA não é partido e praticamente não existe mais", afirmou Marco Aurélio Garcia.
O Pátria Livre não foi aceito, principalmente, pelo trotskista Partido Obrero Revolucionário-Posadista, o que provocou um protesto de membro da Frente Sandinista (Nicarágua).
Algumas organizações que optaram pela luta armada participam do fórum. É o caso das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Marco Leon Calarca, 35, integrante da Farc, criticou o texto-base do "Foro de São Paulo" por não contemplar outras "formas de luta" fora a eleitoral. "Na Colômbia, por exemplo, existe o terrorismo de Estado", declarou.
O MRTA mandou três representantes a Porto Alegre para tentar ingressar no fórum.
Um deles, que se identificou apenas como Ricardo, 30, afirmou que "as características ditatoriais" do regime do presidente Alberto Fujimori "exigem" o abandono da via institucional.
Identificando-se como marxista-leninista e guevarista, o membro do partido revolucionário peruano defendeu a ditadura do proletariado.
Ele disse ainda que o tema luta armada era um tabu para alguns partidos do fórum.
"Setores do PT e da Frente Ampla (Uruguai) não nos querem, mas Cuba e partidos de El Salvador e Nicarágua nos apóiam." A filiação dos partidos vetados voltará a ser discutida em 98.

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