São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Sucesso da lei de trânsito requer educação, dizem palestrantes

LUCIANA CONSTANTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

A educação e conscientização dos motoristas sobre as regras do novo Código Nacional de Trânsito, ainda não aprovado, serão determinantes para contribuir para a redução de acidentes.
Esse foi o principal item apontado pelos seis palestrantes que participaram, na última segunda-feira, do evento "Novo Código de Trânsito: Cidadania x Violência", promovido pela Folha.
Em 1996, de acordo com dados do governo federal e da Polícia Rodoviária Federal, foram registrados 750 mil acidentes no país, com 323 mil feridos, dos quais 60% com lesões permanentes.
Essas ocorrências foram responsáveis por 36.503 mortes, o que equivale à queda de um Boeing a cada dois dias, sem sobreviventes.
Dados mostrados pelo secretário-executivo do Grupo de Redução de Acidentes de Trânsito do governo federal, José Roberto de Souza Dias, mostram que os custos com acidentes no ano passado foram de US$ 4,5 bilhões, sendo US$ 1 bilhão em rodovias federais.
O valor é maior que o obtido com a privatização da Vale do Rio Doce, em que foram arrecadados cerca de US$ 3,2 bilhões.
"Só a lei não vai mudar quase nada. É preciso que os cidadãos respeitem as normas", disse Dias. Para ele, o código traz desafios na implantação, como a capacitação de agentes que trabalham no setor.
O novo código prevê 95 tipos de infrações. "O código terá duas maneiras de controlar a violência no trânsito.: a prevenção e repressão", disse Vera Andrade, professora de direito penal da Universidade Federal de Santa Catarina.
Para o médico Dario Birolini, responsável pelo pronto-socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo, além do processo educativo, será necessário aplicar punições para "disciplinar" o trânsito.
"Comparo os acidentes de trânsito a uma doença evitável, que para não ocorrer depende da mudança de comportamento dos motoristas. Demanda tempo", disse ele.
Já o presidente da Associação Brasileira dos Departamentos de Trânsito, Antonio Carlos de Carvalho, acha que outro ponto importante é a orientação dos agentes que trabalham no setor.
O secretário nacional dos Direitos Humanos, José Gregori, disse que a questão do trânsito se tornou um problema prioritário na política desenvolvida por sua pasta, ligada ao Ministério da Justiça.
Para Maria Edi Gonzaga, presidente da Fundação Thiago Moraes Gonzaga (RS), a redução dos acidentes, principalmente com jovens, está ligada à conscientização. Gonzaga, que perdeu o filho em um acidente, disse que imprudência e álcool são os principais causadores de mortes no trânsito.

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