São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Projeto Cingapura anda a passos lentos

DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto Cingapura, que foi -e ainda é- um dos principais ganchos eleitorais de Paulo Maluf e Celso Pitta, anda em passos lentos.
Durante a campanha e após a posse, Pitta prometia construir 30 mil apartamentos durante seu mandato. Entregou, até agora, 3.040 unidades.
Até dezembro, o máximo que pode concluir -se a prefeitura equilibrar suas finanças nos próximos dois meses- são outros 2.884 apartamentos, em 32 favelas.
Todas essas unidades, porém, foram iniciadas na gestão Maluf. Até o fim do ano, Pitta não deve contratar nenhuma obra nova.
"Isso é o que está contratado, o resto é especulação", afirma o coordenador de desenvolvimento da Secretaria Municipal da Habitação, Attílio Piraino Filho.
O coordenador nega qualquer atraso no cronograma das obras. "Talvez possa ter ocorrido alguma demora em função de ações na Justiça ou por causa das chuvas", diz. "Mas estamos caminhando bem, sem grandes problemas."
Nesse ritmo, com uma média de 4.241 unidades entregues por ano, desde 95, o Cingapura levaria cerca de 106 anos para erradicar as favelas em São Paulo. Isso se nenhuma nova família passasse a morar nesses locais.
Segundo a prefeitura, cerca de 1,9 milhão de paulistanos vivem em favelas. Isso significa que, potencialmente, 450 mil famílias deveriam ser atendidas por ano.
Hoje, no município, 9.840 famílias habitam os prédios do Cingapura, somados os 6.800 apartamentos concluídos nos dois últimos anos da gestão Paulo Maluf.
Uma questão polêmica sobre o Cingapura é que, desde o lançamento, sua fatia no orçamento teve um crescimento acentuado, não acompanhado pelo aumento de unidades entregues.
Ao contrário, Celso Pitta é o prefeito de São Paulo que entregou proporcionalmente menos unidades habitacionais, projetando-se o número de unidades entregues neste primeiro ano de gestão.
Em 1994, antes do lançamento do projeto, a verba disponível para habitação era de R$ 90 milhões. Dois anos depois, em período eleitoral, Maluf dispunha de R$ 358 milhões para o Cingapura.
Celso Pitta tem R$ 300 milhões previstos neste ano.
Também dispõe de outros financiamentos obtidos especialmente para o Cingapura, como dois assinados com a Caixa Econômica Federal (R$ 120 milhões) e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (R$ 150 milhões).
"O Cingapura não pode ser visto como um simples projeto habitacional. É muito mais amplo, não apenas soluciona os problemas das favelas como melhora e valoriza toda a região em torno desses núcleos."

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