São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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'Canteiro' de obras abriga 2.000 pessoas

LUCIANA SCHNEIDER
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 2.000 pessoas estão praticamente esquecidas, há dois anos, no City Jaraguá, um dos conjuntos habitacionais da prefeitura cujos trabalhos estão parados.
O cenário é de um canteiro de obras: as casas, que só têm sala, cozinha e banheiro, estão sem acabamento. Não há ruas pavimentadas e estruturas de ferro e pedregulhos estão espalhados pelo chão.
As ligações elétricas são irregulares. "É um emaranhado de fios, porque é tudo gambiarra. À noite, não tem como assistir à televisão, porque não tem luz e, de dia, raramente tem", conta a dona-de-casa Maria Helena Silva, 32, que mora com seus sete filhos em um cômodo com uma cama. Na casa dela não há água.
"A gente veio para cá provisoriamente (após deixar a favela do Jaguaré, onde hoje está a avenida Escola Politécnica). Só que já se passaram dois anos e nada foi feito", afirma Manoel Leocádio de Souza, 43, vice-presidente da Associação Unidos Amigos do Conjunto Habitacional City Jaraguá.
Segundo Souza, as obras foram retomadas por cerca de 80 pedreiros no início de maio. Mas hoje, somente 10% estão trabalhando.
Souza disse que já mandou dois ofícios via fax, um para a Secretaria Municipal da Habitação e outro para Secretaria Municipal da Família e do Bem-Estar Social, reivindicando a continuação das obras, ambos sem resposta.
Atualmente, ninguém paga aluguel ou uma taxa para morar no conjunto. A dona-de-casa Valdomira Ferreira Matos, 47, disse que só começará a pagar quando estiver tudo pronto.
Situação ainda pior é a das 32 famílias que moram, desde a gestão Luiza Erundina (1989 a 92), num alojamento provisório atrás do conjunto. Esses abrigos são feitos de madeira e não contam com água, luz e esgoto.
O lixo e os dejetos ficam ao ar livre, onde crianças brincam despreocupadas. Três pessoas de uma mesma família foram internadas, há uma semana, no hospital de Pirituba, com cólera.

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