São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Lista única vai usar modelo de Ribeirão

NOELLY RUSSO
ENVIADA ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO

A organização que vai ser adotada na lista única de receptores no país é um modelo "importado" de Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo).
Desde abril de 1987, a São Paulo Interior Transplante (Spit), formada por hospitais da rede pública e privada do interior de São Paulo e do sul de Minas Gerais, mantém listagem única de receptores de órgãos, organizada a partir de critérios clínicos, analisados por um programa de computador.
Atualmente, existem 3.435 pacientes cadastrados na lista da Spit. Desses, 1.243 esperam um rim.
O "pool" de hospitais organizou ainda um sistema eficiente para transportar os órgãos de uma cidade para a outra. O transporte é fundamental para a eficiência da lista.
O método foi adotado integralmente pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo e serve como modelo para a Central de Transplantes do Ministério da Saúde.
"O Estado de São Paulo já está dividido em duas regionais para transplantes de rim: capital, Grande São Paulo e região de Campinas, em um grupo, e outros municípios do Estado em outro, coordenado por Ribeirão", diz Sergio Pitelli, 47, coordenador do Centro Estadual de Transplante.
Para outros órgãos, como coração, fígado e pulmão, o Estado é uma região. Isso acontece porque o número de transplantes de rim é maior que o de outros órgãos. O mesmo vale para o número de hospitais capacitados.
Na Spit, a ordem de "recebimento" do órgão atende a critérios clínicos, que não necessariamente inclui a antiguidade. A lista é organizada com informações como nome, endereço, tipo sanguíneo e estrutura corporal do receptor.
Quando aparece um órgão, os hospitais realizam exames para descobrir "quem é" o órgão. O computador compara as características de doador e receptor e aponta uma lista das dez pessoas mais adequadas para recebê-lo.
"Tomamos o cuidado de omitir o nome da pessoa nessa primeira listagem. Tudo para evitar injustiças. No caso de transplantes renais, por exemplo, os profissionais do hospital se acostumam com o paciente da diálise. Se ele aparece na lista, o fator emocional pode interferir. Por isso, ninguém sabe quem será o receptor", diz Agenor Spallini Ferraz, 53, professor do departamento de cirurgia em ortopedia e traumatologia da USP-Ribeirão e chefe da Unidade de Transplante Renal e Diálise do HC-RP.
Segundo ele, adotar critérios estritamente científicos é a maneira mais garantida de se obter sucesso em um transplante. "Não se oferece o primeiro órgão que aparece ao primeiro da fila, mas para o receptor com maior compatibilidade com o doador", diz ele.
Antes de o governo implantar a lista única de órgãos, a distribuição não ocorria de forma padronizada e, em geral, adotava o critério de antiguidade -a pessoa há mais tempo na lista- como o principal.
O esquema de transporte da Spit conta com a participação de empresas de ônibus intermunicipais, com a Polícia Rodoviária e com aviões da TAM.

A jornalista NOELLY RUSSO viajou a Ribeirão Preto a convite da Novartis

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