São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Vizinhos vêem situação 'crítica'

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Os dois únicos vizinhos de Israel que já fizeram acordos de paz com o Estado judeu (Egito e Jordânia) demonstram forte inquietação com a crise.
Amr Mussa, chanceler egípcio, diz que a situação é "extremamente crítica e perigosa".
Com a habitual cautela no trato com Israel, Moussa não escondeu que culpa a política israelense de ampliar suas colônias em áreas palestinas pelo beco sem saída em que está o processo de paz.
"Necessidade de conversar"
Talvez por isso, o chanceler israelense, David Levy, tenha anunciado ontem que viajará amanhã para o Cairo, a convite de Moussa.
"Obviamente, com o ataque (ao mercado em Jerusalém) e tudo o que tem a ver com isso, aumenta a necessidade de conversar", explica o porta-voz da chancelaria, Aviv Shir-On.
O outro vizinho, a Jordânia, cuja população é palestina na maioria, também lamentou, nos mesmos termos brandos, o bloqueio imposto por Israel aos palestinos.
"Só levará a mais tensão", disse um porta-voz jordaniano.
EUA entram na negociação
Mas a grande batalha diplomática se dará no final da semana, quando chega a Israel Dennis Ross, enviado especial do presidente Bill Clinton.
As autoridades israelenses esperam que a ênfase de Ross em suas conversas com os dois lados seja a mesma de Netanyahu. Ou seja, condicionar o reinício das negociações de paz à adoção, pela ANP, de medidas concretas contra o terrorismo.
Arafat, naturalmente, torce por outra coisa: "Espero que Ross possa dar novo impulso ao processo de paz, para uma honesta implementação do que foi assinado".
Parece lugar-comum, o que exige a decodificação: para os palestinos, uma "honesta" implementação dos acordos de paz implica, acima de tudo, paralisar a construção de novas colônias em terras palestinas.
Claro que significa também suspender o bloqueio total que Netanyahu impôs aos territórios palestinos, após o atentado ao mercado.
(CR)

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