São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Perito em bombas é o principal suspeito

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Se for autorizada a operar, a "Unidade Cereja" das Forças Armadas israelenses (comando antiterrorista) já tem o seu alvo principal: Muhi-Eddin Sharif, conhecido pelo alcunha de "Engenheiro Número 2".
O "Número 1" era Iahia Aiash, especialista em bombas do Hamas, morto em janeiro de 96 em uma demonstração de altíssima precisão e tecnologia da inteligência israelense.
Um explosivo colocado no telefone celular de Aiash explodiu, aparentemente acionado a partir de um avião israelense, no momento em que ele recebia uma chamada.
Sharif seria o sucessor de Aiash. Ele é acusado de ter montado uma fábrica de bombas na localidade de Beit Sahor, nas imediações de Belém, cidade sob controle da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
A fábrica foi desativada pela própria ANP, a partir de informações fornecidas pelo serviço de inteligência israelense.
Mas há versões de que o material utilizado na explosão do mercado Mahane Yehuda seja uma sobra desviada da fábrica.
Sharif é também suspeito de ter orquestrado o atentado ao café Apropo, em Tel Aviv, em março. Três pessoas morreram e 42 ficaram feridas na ocasião.
Sem pistas
Além de Sharif, outro alvo dos comandos israelenses será Mohammed Dif, considerado o chefe da ala militar secreta do Hamas.
Os dois homens são os principais suspeitos dos atentados contra ônibus praticados no início do ano passado.
Israel suspeita que eles sejam também os responsáveis pelo atentado de quarta-feira.
Mas não há até agora uma única informação consistente sobre os autores. Há, ao contrário, uma batalha de versões contrapostas.
Uma delas diz que o explosivo usado foi trinitrotolueno (TNT), material habitual nos atentados do Hamas. Outra afirma que é RDX, um composto que o Hizbollah (Partido de Deus) usa nas suas operações no sul do Líbano.
Se esta última versão estiver correta, teria sido um ato praticado por terroristas que não vivem nem em Israel nem nos territórios palestinos.
Origem incerta
Só aumenta as dúvidas o fato de que os dois homens que explodiram o mercado haviam arrancado as etiquetas de suas roupas, de forma a evitar a identificação de sua procedência.
Há, ainda, o fato de que portavam dinares, a moeda jordaniana. Como a liderança do Hamas está no momento vivendo na Jordânia, o detalhe parece apontar para esse grupo radical.
Mas a Jordânia tem uma população majoritariamente palestina, o que significa que poderiam ter sido recrutados por qualquer outro grupo.
Pelas dúvidas, os líderes tanto da Jihad Islâmica (Guerra Santa, outro grupo radical palestino) como do Hamas mergulharam na clandestinidade, logo após as explosões de quarta-feira.
(CR)

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