São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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O SARAMPO, DE NOVO

Qualquer deterioração nos indicadores de saúde pública é lamentável. Mais ainda quando poderia ser evitada. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), foi exatamente essa situação que se verificou em São Paulo em relação ao sarampo.
Os dados da entidade mostram que o Estado vive a pior epidemia da doença dos últimos quatro anos em todo o continente americano. Nessa região, foram registrados 2.000 casos de sarampo durante este ano. Desse total, 1.633 (ou seja, 81,6%) ocorreram em São Paulo.
Na avaliação do escritório americano da OMS, esse quadro seria diferente caso o Estado tivesse realizado, em 1995, vacinação em massa contra a doença em crianças de nove meses a quatro anos. A OMS recomenda a vacinação indiscriminada sempre que, em determinado ano, o número de crianças de até cinco anos ainda não imunizadas for próximo ao de crianças nascidas. E, para a entidade, essa era a situação de São Paulo em 1995.
O Ministério da Saúde, por sua vez, afirma que as vacinações contra o sarampo realizadas em São Paulo têm atingido um número menor de crianças do que deveriam, o que também teria contribuído para a epidemia.
Essa situação teria sido provocada pela defasagem entre a população real e os dados do IBGE, problema enfrentado em todas as campanhas de imunização. O índice de vacinação considerado eficaz é de 95% do público-alvo. Como normalmente os dados do IBGE estão defasados, o Ministério da Saúde acredita que um percentual de crianças menor que os 95% tenha sido imunizado contra o sarampo em todo o Estado.
A Secretaria da Saúde de São Paulo contesta os dados da OMS e afirma que a vacinação indiscriminada não era necessária em 1995. Segundo o governo estadual, o momento correto é agora, em 1997.
Infelizmente, os fatos parecem dar razão à OMS. Falhas na área de saúde pública são inadmissíveis, especialmente em razão das proporções que usualmente adquirem.

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