São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Sem consenso, governo adia reforma nas polícias

Apenas medidas paliativas devem ser anunciadas hoje

MARTA SALOMON; RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A falta de consenso interno no governo adia o anúncio de uma reforma mais profunda nas polícias militares. Idéias como a fusão da PM com a Polícia Civil ou a criação de uma guarda nacional também enfrentam muitas resistências no Congresso.
A expectativa de interlocutores do presidente Fernando Henrique Cardoso é que a reunião de hoje no Palácio do Planalto produza apenas medidas paliativas.
Podem ser anunciadas apenas as medidas formuladas pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, como o comando único das polícias e a proibição taxativa de greve.
A solução para a crise das PMs continuaria, assim, nas mãos dos governadores. Desde a última semana de junho, protestos salariais de policiais atingiram 13 Estados.
"Acabou a época da caneta milagrosa: a ação do presidente é muito limitada", disse o líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), que conversou sobre o assunto com FHC no domingo passado.
A expectativa de que o presidente resolvesse hoje o problema das PMs preocupa o líder governista. Sobre a reunião no Planalto, ele insistiu: "Não devem ser esperados milagres".
Segundo o senador, FHC não está certo de poder reduzir a diferença entre o piso e o teto salarial das PMs -um dos aspectos da crise que mais chamam a atenção do presidente.
As medidas em estudo pelo governo não teriam efeito a curto prazo, segundo a Folha apurou no Palácio do Planalto.
Ontem, o próprio porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral, informou que FHC só vai anunciar medidas concretas depois de fazer consultas aos governadores.
FHC está disposto a aprofundar o diálogo com os governadores, mas já tem identificadas grandes resistências políticas a uma reforma mais radical nas PMs.
A proposta de fusão das polícias civil e militar -lançada pelo governador de São Paulo, Mário Covas- nem sequer chegou ao documento final da comissão especial coordenada pelo secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori.
A criação de uma guarda nacional, formulada pelo general Alberto Cardoso (Casa Militar), não tem consenso nem mesmo nas Forças Armadas.
Até mesmo a retirada da Constituição do artigo que trata da segurança pública (144) é considerada polêmica, segundo avaliação levada ao presidente.
(MARTA SALOMON e RUI NOGUEIRA)

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