São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997 |
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Promotor denuncia oficiais da PM
MARCELO GODOY
O tenente-coronel João Izaías Boscatti, chefe do 21º Batalhão da PM, e o major Ademir Vituri, subcomandante do mesmo batalhão, foram responsabilizados porque o Ministério Público entendeu haver um nexo entre o mau planejamento da operação e as mortes. Na análise do promotor Francisco José Tadei Cembranelli, os dois desrespeitaram o plano de ação que haviam traçado e as normas do Manual de Controle de Distúrbios Civis da PM. Para o promotor, com essa conduta, ambos assumiram o risco de a operação terminar em conflito com mortes. Os dois foram denunciados por triplo homicídio e tentativa de homicídio e estão sujeitos a penas de 7 a 30 anos de detenção. A denúncia entregue ao 4º Tribunal do Júri excluiu o primeiro-tenente Vinícius Paulino, que a perícia apontou como suspeito de balear na perna o sem-teto Leandro Aparecido Ribeiro. Além dos comandantes, foram acusados o soldado Rui Pinto da Silva e o cabo Carlos Manoel da Costa, mas por homicídio simples -pena de 6 a 20 anos de prisão. O soldado foi apontado pelo laudo de balística como sendo o homem que carregava a arma de onde saiu o tiro que matou o sem-teto Jurandir da Silva. O cabo foi apontado por um laudo semelhante como sendo o autor da morte do sem-teto Crispim José da Silva. Caso o juiz aceite a denúncia do promotor, os quatro policiais passarão a ser réus do processo. Os acusados negaram qualquer crime ao depor nos inquéritos do caso. O conflito entre sem-teto e cerca de 120 invasores de um conjunto de prédios ocorreu em 20 de maio passado. Três sem-teto morreram e um ficou baleado. Continuidade No caso do primeiro-tenente, o promotor pediu o prosseguimento das investigações a fim de poder confirmar ou descartar a suspeita apontada pela perícia criminal. "O laudo o mostra atirando, mas a prova ainda é insuficiente", afirmou Cembranelli. A bala que atingiu Ribeiro ainda está na perna do sem-teto. "Se o projétil for retirado, poderemos conseguir uma prova conclusiva", disse. O mesmo deverá acontecer no caso da morte do sem-teto Geracir Reis de Moraes. Sem-teto O Ministério Público pediu à Polícia Civil que apure se houve denunciação caluniosa ou falso testemunho por parte dos sem-teto Emilene Rodrigues Siqueira e Eduardo Aparecido Gonçalves. Eles reconheceram um soldado da cavalaria como autor do tiro que matou Crispim José da Silva. A promotoria requereu ainda a identificação dos autores da agressão contra o tenente-coronel Boscatti e dos sem-teto que danificaram um carro da PM na operação. Texto Anterior: Médico auxiliou FHC em 94 Próximo Texto: Volta às aulas dobra congestionamento Índice |
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