São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997 |
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Unicef quer ferro em farinha brasileira
LUCIA MARTINS
O objetivo é tentar reduzir os índices do mal apelidado pelas Nações Unidas de "fome oculta" -a falta de vitaminas e ferro na alimentação básica, que acaba sendo causadora indireta de várias doenças, entre elas a anemia. No Brasil, não há estatísticas sobre a deficiência de ferro ou de vitamina A, mas sabe-se que em alguns Estados do Nordeste ela atinge 70% das crianças de até 2 anos. "O Brasil precisa se mexer nessa área de fortificação de alimentos. Outros países da América Latina estão muito mais adiantados, enquanto o Brasil está sentado olhando. Vamos conversar com o governo para tentar convencê-lo que é importante fazer um projeto", afirma Aaron Lechtie, assessor regional de Saúde e Nutrição para América Latina e Caribe. No último sábado, Lechtie participou de uma conferência sobre fortificação de alimentos, em Montreal (Canadá). A idéia de conversar com governo brasileiro surgiu de pedidos de professores brasileiros -que também participavam da conferência. A crítica à falta de um projeto de fortificação de alimentos no Brasil também foi feita pelo consultor da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) na área de saúde pública, Pieter Dijkhuizen. "O Brasil tem dinheiro e condições de resolver esse problema da anemia. Falta vontade política." Vários países da América Latina apresentaram projetos bem-sucedidos de experiências com adição de ferro em alimentos, como o Peru, que conseguiu reduzir de 70% para 15% o índice de anemia colocando ferro no pão e no leite do café da manhã das escolas. Segundo a ONU, qualquer doença é considerada um problema de saúde pública quando atinge mais de 10% da população. Em alguns países, fortificar alimentos virou lei, como nos EUA. Lá, todos os produtores de leite têm de adicionar ferro no leite. O Unicef, no entanto, não apóia o uso de fortificantes no leite porque estimularia a redução do uso do leite materno. No Brasil, alguns fabricantes de alimentos -como biscoitos- já estão adicionando fortificantes. Os especialistas na área afirmam que a iniciativa das empresas é boa, se não encarecer os produtos. Segundo Leonor Pacheco Santos, ex-membro do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, o risco de essa adição de fortificantes ser exagerada é pequena porque já existem fórmulas testadas. A jornalista Lucia Martins viajou a convite da Roche Laboratórios Texto Anterior: PF apura venda de armas a terroristas Próximo Texto: Resíduo de hospitais também terá 'papa-lixo' Índice |
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