São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Rejeição pode ser 'psicológica'

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Além da rejeição patológica a um órgão transplantado, há a possibilidade de o receptor desenvolver uma "rejeição psicológica".
Segundo Agenor Spallini Ferraz, chefe da Unidade de Transplante Renal e Diálise do Hospital das Clínicas da USP-Ribeirão, muitos pacientes em diálise optam por não fazer o transplante de rim por não desejarem o órgão de outra pessoa.
"Se um paciente está adaptado à diálise e prefere continuar assim, por que operá-lo? Um transplante de sucesso tem vida útil de 8 anos. A diálise pode ser o método mais adequado para pacientes, como os 40% que estão hoje em diálise no HC-RP e não podem fazer transplante por serem idosos ou não terem condições físicas", diz ele.
Ferraz afirma que já teve um paciente renal que "destruiu" um rim por rejeição psicológica. Segundo ele, o rapaz descobriu que o órgão vinha de uma mulher.
"Ele não conseguia aceitar o fato de ter um órgão vindo de uma mulher em seu organismo. A compatibilidade entre doador e receptor era ótima, mas ele desenvolveu rejeição ao órgão e o transplante fracassou", diz Ferraz.
Segundo Ferraz, esse paciente está na diálise e não pretende tentar um segundo transplante de rim.
"Nunca se informa a origem do órgão para o receptor. Esse rapaz consegui burlar os mecanismos de segurança e chegou à doadora. Por isso, evitamos colocar os nomes nas listas que são manuseadas por todos", diz Ferraz.
(NR)

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