São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Governo rebate as críticas de Dornbusch

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Fazenda respondeu com ironia às críticas feitas pelo economista norte-americano Rudiger Dornbusch à política cambial brasileira, em artigo publicado domingo pela Folha.
No artigo, Dornbusch afirmou que o câmbio brasileiro está supervalorizado em 25%. Assessores do ministro argumentaram que, no ano passado, ele afirmara que a sobrevalorização seria de 40%.
"Se continuar assim, daqui a pouco não haverá mais sobrevalorização. É um sinal de que estamos indo no caminho certo", divulgou a assessoria do ministro.
Os assessores do ministro Pedro Malan lembraram que, no último fim-de-semana, dois economistas brasileiros -Edward Amadeo, da PUC-Rio, e Paulo Leme, diretor do banco de investimentos norte-americano Goldman, Sachs- também fizeram comentários na imprensa sobre a política cambial.
Nenhum dos dois -"que têm acesso a informações atualizadas da economia do país", segundo a assessoria- teria falado sobre sobrevalorização do real.
Segundo o ministério, um sinal de que o câmbio não estaria de fato sobrevalorizado é o fato de as reservas de capital externo estarem aumentando no país, tendo chegado a US$ 60,3 bilhões em julho.
O crescimento de 17% das exportações brasileiras nos últimos 12 meses também estaria dando segurança ao governo de que a economia está reagindo favoravelmente a estímulos não cambiais, como a redução dos custos de produção.
A redução na taxa de crescimento das importações nos últimos meses seria, ainda, outro fator que estaria dando segurança ao governo para não mexer no câmbio.
Segundo assessores de Malan, no entendimento do ministro o déficit em transações correntes (total das operações do Brasil com o exterior com exceção da conta de capitais), que já está em US$ 15,62 bilhões neste ano, não é necessariamente ruim para a economia. O déficit é coberto por entrada de capitais. Além disso, afirmaram, no passado o país registrou superávits em conta corrente, mas ao custo de uma inflação muito alta.
Indicado para a presidência do Banco Central e principal defensor da política cambial, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, poderá ser sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado na próxima quinta-feira.

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