São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Emprego é mais difícil para mulher jovem

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As mulheres mais jovens compõem o grupo que tem maior dificuldade para entrar no mercado de trabalho.
Dados da Fundação Seade, referentes à região metropolitana de São Paulo, mostram que mulheres na faixa etária entre 10 e 17 anos têm a maior taxa de desemprego: 45,6% em maio deste ano.
No caso dos homens, a taxa de desemprego desse grupo era de 34,4% no mesmo período.
Para as outras faixas etárias, o índice é bem menor. As mulheres com idade entre 18 e 24, por exemplo, têm taxa de 26,5%. Entre os homens, a taxa é de 21,1%.
No caso da posição no domicílio, o grupo de mulheres filhas enfrenta também obstáculos no momento de procurar um posto de trabalho.
Na região metropolitana de São Paulo, as mulheres filhas tinham, em maio, uma taxa de desemprego de 28,6%. As cônjuges tinham um índice bem menor: 18,1%.
Causas
Para o assessor especial do Ministério do Trabalho Jorge Jatobá, esse fenômeno pode ser explicado pelos efeitos da política macroeconômica, discriminação e proteção demasiada pela legislação.
Com a abertura do mercado brasileiro aos produtos internacionais, muitas vagas do mercado de trabalho tipicamente masculinas, como, por exemplo, o emprego industrial, estão sendo reduzidas.
Isso provoca maior competição pelas oportunidades de emprego em outros setores que tinham maior participação da mão-de-obra feminina.
A discriminação ainda é presente no mercado de trabalho, apesar de ter sido reduzida.
Por outro lado, na opinião de Jatobá, a Constituição de 88 ampliou alguns direitos para as mulheres, mas acabou restringindo a participação feminina no mercado.
A licença-maternidade de 120 dias e a proibição de demissão da gestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses depois do parto dificultam a contratação.
"A proteção é desejável, mas, ao fazer a lei, o legislador deve ter o cuidado de não criar o efeito contrário por causa da dinâmica do mercado de trabalho", diz Jatobá.
"As empresas preferem as mulheres maduras que já completaram a criação dos filhos", acrescentou o assessor.
A taxa de desemprego das mulheres acima de 40 anos é a menor do grupo. Estava em 10% em maio.
Pesquisa
A Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), em convênio com o Dieese, visita cerca de 3.000 domicílios mensalmente na região metropolitana de São Paulo.
A PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) incorpora também as crianças de 10 a 14 anos, que, pela legislação, não têm idade mínima para trabalhar no país.
A assessoria de imprensa da fundação explica que esse grupo é pesquisado porque representa uma parcela considerável do mercado de trabalho.
A PED tem um conceito amplo de desemprego. Os índices são bem mais altos que os divulgados pelo IBGE, porque consideram o desemprego aberto (pessoas que procuraram trabalho nos últimos 30 dias), oculto por trabalho precário (pessoas que realizaram algum tipo de atividade, mas continuam procurando emprego) e oculto por desalento (aqueles que interromperam a procura, embora ainda queiram trabalhar). O IBGE só pesquisa o desemprego aberto e entre maiores de 14 anos.

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