São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Modelo superado

JUCA KFOURI

Craque de raro talento e de mau comportamento, técnico sem brilho e comentarista bem aceito apesar de seu futebolês, eis que Mário Sérgio no papel de cartola não está pecando apenas por continuar com o microfone em punho.
Ele agora ensina finanças a, por exemplo, economistas do porte de um Luiz Paulo Rosenberg, que, muito antes de ter feito parte do GAP corintiano, já havia ocupado postos de importância no governo brasileiro, na iniciativa privada e na universidade. A última aula pode ser vista aqui nesta Folha, em reportagem de Marcelo Damato, no sábado passado.
Porque o futebol é um mundo à parte, dirão nossos especialistas, nada que os bancos da academia possam ensinar.
Já os bancos propriamente ditos parecem capazes de verdadeiros absurdos na gestão do futebol, como por exemplo o de se associar a quem topa trocar Túlio por Agnaldo ou, pior, Marcelinho por Rincón.
Há quem diga, por exemplo, que o Corinthians é tão atrasado que foi se juntar exatamente a quem está longe de ser de ponta, o que pode ser apenas uma conclusão apressada, e irritada, de torcedor decepcionado.
O fato, no entanto, é que vai mal a dobradinha Corinthians/Excel, apesar de ter começado bem e de ter obtido bons resultados para ambos.
A torcida já começa a ensaiar movimentos de retaliação, como se estivesse se sentindo enganada, mas nem é disso que se trata.
Como aconteceu com o acordo Palmeiras/Parmalat, a associação entre amadores e profissionais tende a não dar certo por mais que seus resultados sejam, em regra, muito melhores do que quando a gestão fica só nas mãos dos primeiros.
A diferença para o caso Corinthians/Excel está apenas em que os desencontros começaram mais cedo.
Razão, por tanto, tem o grupo Garantia que, muito além de co-gestão, está querendo transformar o São Paulo em S.A. e profissionalizar a gestão do futebol tricolor, que é o caminho correto.
É claro que Mário Sérgio é o menos culpado da situação medíocre que está posta no Parque São Jorge -afinal, não foi ele quem se escolheu.
Mas seria conveniente que ligasse o desconfiômetro e fosse menos pretensioso, parasse de ir além dos sapatos, ou melhor, das chuteiras.
Seria, no mínimo, bem menos ridículo e muito mais lucrativo para ele e para o Corinthians/Excel.

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