São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Oposição parte para o ataque

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Ao incipiente isolamento externo do premiê, soma-se um crescente isolamento interno.
Começa pelo fato de que a oposição nem sequer esperou terminar o luto pelo atentado de quarta (sete dias, na tradição judaica), para alvejar Netanyahu.
O novo líder trabalhista, Ehud Barak, foi chamado domingo à noite para conversar com "Bibi". Foi uma "conversa construtiva", segundo Barak.
Não obstante, o líder trabalhista saiu dizendo que "Netanyahu está incitando contra Arafat, o que levará a fortalecer o Hamas e, em consequência, tornar a situação ainda pior".
Reforça o deputado trabalhista Shlomo Ben-Ami: "Alguém pensa que esse bloqueio contribui para a guerra contra o terrorismo? Nenhum bloqueio jamais o fez. Só cria mais terroristas, porque aumenta os apuros da população palestina".
Se fosse apenas a oposição, as críticas seriam até naturais, por mais que os judeus costumem se unir nos momentos de dor, independentemente do partido a que pertençam.
Mas analistas independentes também disparam contra o premiê.
Caso da cientista política Susan Hattis Rolel, que diz: "As decisões do governo nos últimos dias deixam a forte impressão de que alguns de seus membros não querem outra coisa se não estarem aptos a dizer que o fracasso de Arafat em cumprir seus compromissos a respeito do terrorismo torna nulo o acordo de Oslo".
Pelo menos três dos ministros de Netanyahu insistem em sepultar o acordo de paz ou em atuar contra o terror à margem da ANP.
Diz, por exemplo, Limor Livnat (Comunicações): "Cabe a nós tomar o assunto (a segurança) em nossas próprias mãos".
O curioso é que os chefes militares são mais pacifistas do que alguns dos ministros civis. Caso, por exemplo, de Ami Aialon, chefe dos Serviços Gerais de Segurança.
No domingo, Aialon advertiu que "Arafat não tem incentivo para implementar as medidas contra o terrorismo uma vez que o público palestino não vê no horizonte progresso algum no processo de paz".
(CR)

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