São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Crítico afirma que crise não é salarial

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Defensor da extinção das polícias militares, o deputado Hélio Bicudo (PT-SP), 75, considera difícil combinar as palavras polícia e militar. "Polícia é sinônimo de segurança, e militar, de violência", afirmou.
Para Bicudo, a crise das polícias não é salarial, como dizem os defensores da corporação. "O problema da PM é a violência", afirmou.
Bicudo é autor do projeto de lei que transfere da Justiça Militar para a comum os crimes cometidos pelos policiais militares. O projeto foi aprovado na Câmara -não exatamente como foi proposto- e está no Senado há quatro meses.
É também da sua autoria a emenda constitucional que propõe a desmilitarização da PM e a fusão com a polícia civil. "Tem que mudar tudo. Sou contra a PM tal qual ela foi imposta ao país pela ditadura", disse.
Para Bicudo, a polícia deveria ser única e comandada pelo governador. "Hoje o comando de fato é do Exército", disse. Segundo ele, haveria apenas a distinção de vestimenta: o policiamento ostensivo seria feito por policiais fardados e a investigação por civis.
Bicudo não vê dificuldades em manter a disciplina da corporação caso seja aprovada a desmilitarização. Os defensores do modelo atual entendem que a formação militar assegura a disciplina das tropas.
"O militar não tem o monopólio da disciplina. O Itamaraty tem uma disciplina mais férrea e não é uma instituição militar", afirmou.
Embora defenda a extinção das PMs, Bicudo não se considera vilão do atual modelo. "Vilão é quem quer manter a violência da PM", disse.

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