São Paulo, sexta-feira, 8 de agosto de 1997
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Autor inventou a figura do detetive durão

DO "LIBÉRATION"

Um verdadeiro destino de escritor: Samuel Dashiell Hammett, nascido em uma família pobre de Maryland, torna-se detetive particular, escreve um punhado de romances "noir" que o transformarão em um mestre do gênero policial, ninguém menos que o inventor da figura do detetive durão.
Nascido no condado de Saint Mary, em 27 de maio de 1894, Hammett cedo se muda para Baltimore com seu pai, um plantador de tabaco. O jovem Samuel faz estudos brilhantes enquanto seu pai perde o trabalho.
É obrigado então a encarar diversas ocupações: é manobrista em estações de trem, ferroviário... Começa a tomar gosto pelo álcool. Em 1915, entra para a agência Pinkerton e torna-se rapidamente um detetive que trata de todo tipo de caso: de adultérios a greves.
Hammett sempre evocou seus anos como detetive. Ele relata como, de interrogatórios a perseguições, frequentou pensões miseráveis seguindo mulheres e tipos estranhos, ladrões e adúlteros, que mais tarde lhe serviriam como modelos para seus personagens.
Em 1918, pega a gripe espanhola e provavelmente a tuberculose que o fará sofrer por toda a vida.
Ele deixa definitivamente a Pinkerton, em 1921, para se instalar em São Francisco, onde começa a escrever novelas e, a partir de 1923, as histórias policiais.
A Black Mask edita em folheto seu primeiro romance, "Safra Vermelha", no fim dos anos 20. "O Falcão Maltês", entre outros, vêm a seguir.
Com Carroll John Daly, Hammett é o inventor do detetive particular durão, que adora circular por lugares de péssima reputação. Raymond Chandler disse certa vez: "Hammett tirou o crime dos salões dourados para colocá-lo na sarjeta".
Em 1930, ele assina um contrato como cenógrafo na Paramount e muda-se para Hollywood. Lá, conhece a escritora Lilian Hellman, com quem irá viver uma história de amor e de amizade literária.
A partir de 1935, sua obra está terminada. Ele só fará cenários para as HQs de Alex Raymond, o criador de Flash Gordon.
Hammett vai tentar ainda, em vão, escrever o grande romance com o qual sempre sonhou, não se dando conta de que ele já está contido nos seus quatro primeiros policiais e em suas novelas.
Em 1951, acusado de ser comunista, é condenado a seis meses de prisão fechada por desrespeito à Corte. Minado pelo álcool e pela tuberculose, morre em 1961.

Tradução Luiz Antonio Del Tedesco

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