São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Policiais civis encerram paralisação

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Os policiais civis de Pernambuco encerraram ontem a greve iniciada em 18 de julho sem ter nenhuma de suas reivindicações atendidas pelo governo estadual.
A decisão foi tomada no final da tarde, em assembléia que reuniu cerca de 300 pessoas, segundo os organizadores. O retorno ao trabalho deve ocorrer hoje.
Os líderes do movimento disseram que "não poderiam mais penalizar a sociedade por conta da intransigência do governo". Durante a greve, 110 homicídios foram registrados no Estado. Nenhum foi investigado.
O fim da greve foi anunciado horas depois de o governo aplicar sua mais dura reação contra os grevistas: a ocupação do IML (Instituto Médico Legal) por tropas de elite da Polícia Militar.
A operação, que visou tentar garantir o funcionamento do órgão -fechado desde o início da greve- mobilizou 41 PMs.
Armados com fuzis e protegidos por coletes à prova de balas, eles ficaram no local até as 7h30, quando foram substituídos por 50 policiais da Tropa de Choque.
Surpreendidos pela operação, os grevistas reagiram formando piquetes nas ruas, a fim de impedir a entrada de corpos para necropsia -feita pelos médicos do IML, que não aderiram à greve.
A ação gerou discussões entre policiais civis e militares. Houve correria nas ruas e gritos de protesto. "O governo quer forçar um confronto", acusou o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Henrique Leite.
"Os médicos não estão em greve e querem a garantia de que podem trabalhar", rebateu o diretor do IML, William Amaral.
Liminar
Os policiais civis entraram em greve um dia após o início da paralisação da PM no Estado.
As duas categorias se uniram para reivindicar melhores salários. Os PMs conseguiram aumentos de 14% a 45,7% e encerraram a greve no dia 27 de julho.
Os policiais civis pedem reajuste no salário-base de R$ 74,21 para R$ 130, além de melhores condições de trabalho e a contratação de 9.600 policiais. O governo do Estado descarta a possibilidade de aumento imediato.
Com a volta ao trabalho, os policiais passaram a reivindicar também a garantia de que não serão punidos e que o Estado vai retirar a ação judicial movida contra o sindicato da categoria.
Até ontem, 23 policiais que ocupavam cargos de chefia haviam sido destituídos por determinação do secretário da Segurança Pública, Antonio Moraes. Os punidos deixarão de receber gratificação de R$ 156 mensais.
Moraes, que já havia convocado 77 policiais militares para substituir grevistas lotados nas sete principais delegacias da região metropolitana de Recife, anunciou também o desconto dos dias parados.
A liminar obtida pelo governo -e contestada pelos policiais- considerou a greve ilegal e fixou em R$ 5.000 a multa diária a ser paga pelo sindicato por descumprimento da ordem. A dívida é superior a R$ 100 mil.

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