São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Mulher e filha de Maluf depõem segunda

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público estadual aposta nos depoimentos de Sylvia Maluf e Ligia Maluf, que serão ouvidas segunda-feira, para consolidar a denúncia de que houve acerto entre familiares, empresas e a Prefeitura de São Paulo no caso da compra de frango.
Sylvia e Ligia, respectivamente mulher e filha do ex-prefeito Paulo Maluf (1993-96), são donas da firma Obelisco, que acabou fornecendo, de forma indireta, frango para a prefeitura no ano passado.
A Obelisco vendeu o produto à empresa A D'Oro, que pertence a Fuad Lutfalla, cunhado do ex-prefeito, e tinha de fato um contrato firmado com a prefeitura na gestão de Paulo Maluf.
Essa rede de ligações familiares, na avaliação preliminar do promotor Alexandre de Moraes, montou um esquema, com participação de órgão do município, para beneficiar Sylvia e Ligia Maluf no negócio com a prefeitura.
O Ministério Público estadual, segundo apurou a Folha, deve apresentar denúncia sobre o caso sem poupar inclusive o ex-prefeito, que teria sido conivente com a operação de venda do frango.
Contradições
O promotor Alexandre de Moraes avalia que será quase impossível não obter dados dos depoimentos de Sylvia e Ligia que revelem contradições nas versões apresentadas até o momento.
O principal objetivo é desmontar o argumento de que a participação da Obelisco no caso não teria passado de coincidência, como disse o atual prefeito Celso Pitta (PPB) para reforçar a defesa da família de Paulo Maluf.
A coincidência teria ocorrido porque a A D'Oro teria comprado frangos, para revender à prefeitura, a vários fornecedores. A Obelisco, portanto, segundo a defesa, seria apenas mais uma das várias empresas envolvidas no negócio.
Abandono
Segundo suspeita levantada pelo Ministério Público, pode ter ocorrido um acordo na venda do frango desde o momento em que foi realizada a licitação.
A empresa vencedora da concorrência foi a Frigobrás (grupo Sadia). Mas esta empresa abandonou o contrato, ao longo do fornecimento, sob a alegação de que a prefeitura estava pagando um preço muito baixo.
Com a saída da Frigobrás, a A D'Oro, segunda colocada na licitação, passou a fornecer o produto.
No período de de 5 de agosto de 96 (gestão Maluf) a 26 de fevereiro de 97 (gestão Pitta), a A D'Oro vendeu 824.531 kg de coxa e sobrecoxa de frango à prefeitura. Obteve um faturamento de R%$ 1,4 milhão com o negócio.

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