São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Críticos são 'vozes da caverna', diz FHC

AUGUSTO GAZIR
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O presidente Fernando Henrique Cardoso, festejado ontem por pefelistas baianos durante visita a Salvador, disse que críticos de seu governo têm "vozes do atraso", "vozes da caverna".
Em clima de campanha, FHC afirmou que a Bahia é o "coração" do país, elogiou o seu governo e o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães, posou para fotos ao lado de baianas com trajes típicos, comeu acarajé e fez promessas.
Ele disse que espera que até o final de seu mandato "não haja nenhuma criança em idade escolar fora da escola".
Durante o lançamento da pedra fundamental da indústria de carros Asia Motors em Camaçari (região metropolitana de Salvador), FHC -na segunda vez que vem à Bahia em menos de um mês- enfrentou vaias e protestos de um grupo de manifestantes da UNE (União Nacional dos Estudantes). Eles chegaram a gritar o refrão "Ah, eu tô maluco", usado por torcidas de futebol.
As prefeituras da região colocaram ônibus para levar as pessoas para a cerimônia.
Cerca de 6.000 (segundo os organizadores) estiveram lá, com bandeiras e camisetas da Asia.
Em discurso, o presidente ironizou os estudantes. "Peço aos brasileiros que fiquem silenciosos para nós lembrarmos das vozes do atraso, das vozes da caverna, para lembrarmos como foi um passado triste o que hoje estamos ultrapassando com espírito de amizade, de amor, de fraternidade."
"Esse Brasil do susto, do grito, da surpresa é morto. Tão morto quanto são mortos os que ainda falam gritando -repito- como nos tempos das cavernas", completou.
ACM, também vaiado, disse que os manifestantes eram os "derrotados" nas eleições.
"Doze milhões, menos 50 baianos, estão aqui para confirmar sua (de FHC) liderança e o apoio da Bahia", afirmou em discurso, se referindo aos estudantes.
Para o presidente, ACM "tem mostrado ao Brasil inteiro que tem a capacidade de perceber os novos tempos".
Agradeceu a ele o apoio que o Senado dá ao governo e afirmou que hoje o Brasil "dialoga", é "feliz", "desarmado" e quer "crescer na tranquilidade".
"Vivemos um clima mais que de esperança, de realizações. É um clima em que o futuro se apresenta como presente. É um clima de confiança", disse.
Depois da cerimônia e de visita à fábrica em Camaçari, FHC participou de um almoço oferecido pelo governador Paulo Souto (PFL), junto com políticos pefelistas.
O compromisso foi incluído na agenda do presidente às vésperas da viagem.
Depois do almoço e de assistir a assinaturas de convênios, FHC reafirmou que é um "cartesiano com pitada de candomblé".

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