São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997 |
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Bebê não foi sequestrado, mas abandonado, dizem pais
PAULO CÉSAR CASTRO
O bebê foi deixado no quintal de uma casa no condomínio Santa Mônica, dentro de uma caixa de papelão, no mesmo dia em que o casal -Nair Vieira Fabris, 31, e José Ézio Fabris, 34,- criou a falsa versão de que teria sido levado por uma mulher. O casal teria levado o bebê para o hospital para fazer o teste do pezinho, que serve para identificar com antecedência alguma doença neurológica. O casal resolveu pelo abandono, segundo Nair, porque a menina não é filha de Ézio. Eles vivem juntos há 12 anos e têm três filhos. A criança seria, segundo Nair, filha de um ator com quem ela participou de uma peça de teatro e teve um caso. Ela disse que havia pedido ao ator para que ficasse com a filha. Ela não quis revelar o nome do ator. Arrependimento Nair afirmou que ficou arrependida "quase na mesma hora" em que abandonou a criança e que pretende ficar com a filha. "Foi um momento de desespero, pois tive envolvimento com outra pessoa e fiquei transtornada", disse, durante entrevista no Juizado de Menores. Nair disse que, com esse ato, quis proteger a honra de Ézio. Ela considerava que as pessoas, principalmente da rua onde moram, no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste), iam criticar e debochar do marido. Segundo Nair, o relacionamento entre os dois não vai mudar e vão continuar vivendo juntos, com o bebê. A irmã de Ézio, Josciléa Fabris, que tem a guarda da menina por 90 dias, informou que ela terá o nome de Radhe Vieira da Silva. Nair disse que Ézio já havia trabalhado como pedreiro na casa onde o bebê foi deixado. Segundo ela, a família foi escolhida também porque teria poder aquisitivo para dar uma boa criação para a menina. O juiz Siro Darlan, da 1ª Vara da Infância e Adolescência, disse que o casal não sofrerá punição. "Queremos o bem da criança", informou. Darlan afirmou que o casal receberá do Juizado de Menores apoio psicológico e social. Na 16ª DP (Delegacia de Polícia), na Barra da Tijuca, o delegado Ciro Advíncula disse que Nair e Ézio, com a nova versão, serão alvo do inquérito instaurado para investigar o caso. O delegado disse anteontem que o casal havia se identificado como sendo uma empregada doméstica e um guardador de carros. Ontem, Nair e Ézio se identificaram respectivamente como atriz e calafate (aplicador de sinteco). Texto Anterior: Sé registra maior incidência de sarampo Próximo Texto: Justiça condena três médicos por morte de estudante no PR Índice |
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