São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Estudantes são acusadas de trote violento

DA FOLHA CAMPINAS

A estudante de direito da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Flávia Renata Rufino, 18, acusa duas veteranas do curso de praticarem trote violento.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal), divulgado ontem pela Polícia Civil de Nova Odessa (135 km de São Paulo), indicou lesões leves no rosto de Flávia.
As agressões teriam ocorrido dentro de um ônibus da Rápido Luxo, que é fretado pelos estudantes para fazer a linha Sumaré/Nova Odessa até Piracicaba (130 km de São Paulo).
Pernas amarradas
Segundo Flávia, seis calouros tiveram seus rostos pintados, foram impedidos de falar e sentar e tiveram suas pernas amarradas.
Eles foram obrigados a descer na rodovia do Açúcar, a um quilômetro de distância da universidade, segundo Flávia.
"Eles amarraram pelas pernas os calouros entre si e nos obrigaram a descer à noite na rodovia", afirma a universitária.
Ela disse que o trote aconteceu entre 18h15 e 19h da última segunda-feira, primeiro dia de aula para as turmas de meio de ano.
A universitária registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia de Nova Odessa, onde ela mora, na última segunda-feira.
Flávia disse que o trote teve início em Nova Odessa."Eles começaram a me pintar e eu avisei que era alérgica, mas nem ligaram. Mandaram que eu calasse a boca e continuaram a humilhação", afirmou.
O laudo do IML de Americana (133 km de São Paulo) indicou que Flávia sofreu "hiperemia (superabundância de sangue em qualquer parte do corpo) na face, residual das lesões decorrentes, como dermatite alérgica".
Racismo
Flávia disse que sentiu medo e revolta, principalmente quando as duas veteranas demonstraram racismo.
O pai da universitária, Walter Rufino, 46, acusa o coordenador do ônibus, Rodolfo Otto Kokol, 19, de impedir que Flávia entrasse no veículo na última terça-feira. Rufino é subtenente da Polícia Militar em Nova Odessa.
Kokol é aluno do terceiro ano de direito na Unimep.
Segundo Flávia, ele assistiu todo o trote, mas não participou das agressões.
Kokol é filho da vereadora de Nova Odessa, Neurelisa Bóscaro Kokol (PMDB).
O advogado de Kokol, José Antonio Merenda, 48, disse que o ônibus estava lotado e, por isto, Flávia foi impedida de entrar na terça-feira.
"Meu cliente não assistiu nenhuma agressão e garante que as brincadeiras tiveram o consentimento dos calouros."

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