São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997 |
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Confronto entre PM e sem-teto fere 28 ABNOR GONDIM ABNOR GONDIM; RICARDO AMORIM
Um conflito entre PMs do Distrito Federal e os invasores de área à margem da via Estrutural -que liga Brasília a cidades-satélites- fez pelo menos 28 pessoas feridas (15 PMs e 13 sem-teto). Duas pessoas foram atingidas por tiros e 25 foram detidas -entre elas dois PMs, quatro menores e uma mulher. O conflito começou às 9h, quando 530 PMs e 30 funcionários da Novacap (companhia de urbanização de Brasília) e da Secretaria da Fazenda entraram na área. Essa foi a terceira operação militar na invasão autorizada pelo governador Cristovam Buarque (PT) desde que ele lançou o programa "Brasília Legal", em julho. O governo quer retirar as cerca de 20 mil pessoas que moram em 3.000 barracos no local para implantar indústrias não-poluentes -a área é vizinha a uma reserva ecológica. Segundo o promotor Paulo de Sousa Júnior, que acompanhou a operação, os PMs foram recebidos a tiros, pedradas e coquetéis molotov (explosivos de fabricação caseira). Segundo o comandante da operação, coronel Augusto Willer, 13 dos 15 PMs machucados apresentaram ferimentos leves. A operação durou quatro horas. Foram destruídos um supermercado, cinco madeireiras e um templo da Assembléia de Deus, que era dirigido pela líder da invasão, Marlene Mendes. Os PMs também colocaram abaixo a caixa-d'água da área e o mastro que sustentava uma bandeira do Brasil. Duas pessoas foram feridas a bala. O cinegrafista Braz Vieira, da TV Brasília, foi mordido por um cachorro da PM. Dois PMs foram presos por maltratar um sem-teto. O tratorista da Novacap Agenor dos Santos, 49, levou um tiro de revólver no ombro esquerdo. O desempregado Antonio Carvalho Siqueira, 30, que visitava um amigo na invasão, levou dois tiros. Siqueira foi submetido a cirurgias e passa bem. Uma bala atingiu seu pescoço, próximo à traquéia, e a outra se alojou no abdômen. Duas balas atingiram as carrocerias de dois ônibus que transportaram os policiais. A PM não apreendeu armas de fogo entre os sem-teto. O subcomandante do Batalhão de Choque, Jaílson Ferreira, disse que nenhuma arma de fogo levada pelos policiais foi disparada. Segundo o promotor Nísio Tostes, as balas serão periciadas para que seja feita a identificação da arma que originou os disparos. Os demais sem-teto feridos foram atingidos por balas de borracha ou sofreram escoriações leves, segundo o Corpo de Bombeiros. No final da operação, os sem-teto jogaram pedras contra os policiais. Quebraram o pára-brisa e fizeram um buraco na lateral de um carro da TV Brasília. LEIA MAIS sobre o conflito à pág. 3 Texto Anterior: Buarque acusa deputados do DF Próximo Texto: Local já teve outros conflitos Índice |
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