São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Japão libera R$ 1 mi para tratar dependentes

ANDRÉ MUGGIATI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo japonês destinará ao Brasil, nos próximos três anos, R$ 1 milhão para o treinamento de enfermeiras em atividades de prevenção e atendimento a usuários de drogas.
O anúncio foi feito pelo presidente do Confen (Conselho Federal de Entorpecentes), Luiz Matias Flach, durante o 2º Encontro dos Centros de Referência do Confen.
Flach afirmou ter recebido a informação, por telefone, durante o encontro. De acordo com ele, "o Brasil foi escolhido para aplicar o recurso devido a suas dimensões e ao enorme problema que enfrenta com o uso de entorpecentes".
A Cicad (Comissão Interamericana de Controle do Abuso de Drogas), ligada à OEA (Organização dos Estados Americanos), intermediou o acordo entre o governo brasileiro e o Japão.
Segundo Flach, o Confen deverá organizar reuniões com representantes do Cicad, do governo japonês e com técnicos estrangeiros, para determinar a forma de aplicação dos recursos.
Participaram do encontro, realizado na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), representantes dos nove centros de referência do Confen em diferentes cidades.
Recuperação
Os participantes discutiram a eficácia dos tratamentos realizados nos diferentes centros.
A maior dificuldade, segundo os participantes, é determinar o que pode ser considerado como cura no tratamento de dependentes de drogas.
Para o médico Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes de Drogas da Unifesp), a cura não pode ser considerada como sinônimo de abstinência.
"A redução do uso também tem que ser computada como sucesso", afirmou Silveira.
Para o médico, "há uma grande melhora se a pessoa que usava cocaína injetável passa a fumar maconha duas vezes por semana".
Para a maioria dos profissionais, a permanência do usuário de drogas no tratamento já é um sucesso.
Segundo a médica Maria Thereza Aquino, do Nepad (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas, da UFRJ), 50% das pessoas que procuram o núcleo abandonam o tratamento após a primeira consulta.
Apenas 25% dos pacientes continuam em tratamento por mais de 12 semanas.
Terapia alternativa
"Quando oferecemos um conjunto de tratamentos para o paciente optar por qual ele quer, temos a adesão de 42% deles por mais de dez meses."
Como tratamentos alternativos o médico considera terapia ocupacional, arte-terapia, terapia existencial, entre outras técnicas.
Segundo Batista, quando é oferecida apenas a psicoterapia, apenas 11,1% dos pacientes permanecem por mais de dez semanas.

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