São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Institutos pedem estudos sobre maconha

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

O uso medicinal da maconha voltou a provocar polêmica nos Estados Unidos, após recomendação dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) ao governo norte-americano para realizar novas pesquisas sobre o assunto.
Os NIH, sediados em Bethesda, Maryland, divulgaram ontem relatório admitindo a possibilidade de a maconha poder ajudar no tratamento de algumas doenças.
"Há casos de médicos e pacientes que notaram melhorar após o uso da droga", comentou William Beaver, um dos coordenadores do fórum que discutiu o assunto.
"Evidências existem, é um fato, mas evidências são uma coisa, certeza científica, outra. Acreditamos que somente depois de uma bateria de novas pesquisas e de um árduo trabalho analítico poderemos chegar a uma conclusão, contra ou a favor do uso da maconha."
Para sugerir novos estudos sobre o assunto, os NIH conversaram com médicos e pacientes e examinaram diversos trabalhos científicos a respeito das possíveis propriedades medicinais da maconha.
A utilização
Mesmo se ficar provado que a droga ajuda no tratamento de determinas doenças, os NIH acham imprescindível que a medicina descubra a melhor maneira de usar a maconha, os casos em que sua utilização seja necessária ou não e a quantidade em que deveria ser administrada aos pacientes.
Médicos que assumiram a defesa do uso da maconha acreditam que um dos efeitos terapêuticos e no tratamento de enjôos e crises de vômito, especialmente para pessoas que tenham câncer e não estejam conseguindo enfrentar a náusea com remédios tradicionais.
Uma segunda corrente acha que a droga auxilia doentes portadores do vírus da Aids, principalmente aqueles que sofrem de falta de apetite e estejam entrando na fase de perda crônica de peso.
Um terceiro uso medicinal seria no caso de pessoas que sofrem de glaucoma. Oftalmologistas da Califórnia defendem que ela reduz a pressão ocular, diminuindo o risco de os pacientes ficarem cegos.
Governo federal
Para a assessoria de imprensa da Casa Branca, o relatório dos NIH não deve alterar a estratégia do governo, que é acusado por médicos dos Estados da Califórnia e do Arizona de pressionar os que receitam maconha a seus clientes, ameaçando-os com a proibição de prescrever outros remédios.
A Casa Branca nega que faça chantagens ou ameaças contra profissionais de qualquer Estado. Califórnia e Arizona permitem o uso medicinal da maconha, mas apenas para casos específicos.

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