São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Israel ataca a 15 km de Beirute

Foguetes atingem norte israelense

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Forças de Israel atacaram posições de grupo terrorista islâmico 15 km ao sul de Beirute, a capital do Líbano, depois que foguetes Katiucha feriram uma israelense no norte de Israel.
Dois caças F-16 lançaram mísseis ar-terra contra as montanhas de Nameh, onde a islâmica Frente Popular de Libertação Palestina-Comando Geral tem bases. Segundo o grupo, não houve feridos, apenas danos materiais.
A incursão em território libanês, a 49ª desde o início do ano, se seguiu a ataque com foguetes Katiucha ao norte de Israel.
Uma sinagoga de Kiryat Shmona foi danificada e uma israelense ficou levemente ferida. Foi o primeiro foguete a atingir a cidade desde que Israel e o grupo islâmico Hizbollah assinaram um acordo, há 15 meses, se comprometendo a não atacar áreas civis.
O Hizbollah (Partido de Deus), que luta pelo fim da ocupação israelense no sul do Líbano, negou ter disparado os foguetes -mais de 30 atingiram a região nos últimos dois dias.
O xeque Hassan Nasrallah, chefe do Hizbollah, porém, disse que o grupo iria retomar os ataques com Katiuchas porque os civis libaneses estavam sendo atingidos.
Desde segunda-feira, 13 pessoas (cinco membros do Hizbollah, sete civis libaneses e um soldado da milícia pró-Israel) morreram na faixa que Israel ocupa no sul do Líbano -oficialmente, para prevenir ataques terroristas.
As agressões marcam a deterioração das relações entre árabes e israelenses -processo agravado pelo atentado da semana passada, em que 15 pessoas (incluindo os dois terroristas suicidas) morreram quando bombas explodiram na parte judaica de Jerusalém.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, James Rubin, pediu ontem que cessem os ataques na fronteira de Israel com o Líbano. Dennis Ross, enviado do país ao Oriente Médio, deve chegar à região hoje para mediar negociações entre palestinos e israelenses.
Os EUA são um importante patrocinador do processo de paz no Oriente Médio.
A secretária de Estado do país, Madeleine Albright, deve visitar a região no final deste mês.
Crise com palestinos
Ross tem uma dura missão pela frente. Apesar de o isolamento imposto por Israel às áreas palestinas ter sido amenizado ontem, a tensão ainda dá o tom das relações entre o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e a Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Iasser Arafat.
As autoridades israelenses permitiram que palestinos saíssem a pé de Jericó e Nablus, cidades autônomas da Cisjordânia. Grande parte dos palestinos trabalham em áreas controladas por Israel.
O relaxamento do bloqueio, porém, é uma medida tímida nos esforços para estabilizar as relações entre palestinos e israelenses.
Netanyahu responsabiliza indiretamente Arafat pelo atentado de Jerusalém. Para o premiê, o líder palestino não se empenha no combate ao terrorismo.
Arafat tem dito que os terroristas de Jerusalém não vieram dos territórios controlados pela ANP. Ontem, o presidente palestino afirmou que autoridades israelenses confirmaram o fato.
"Autoridades israelenses nos informaram que os terroristas vieram do exterior", afirmou Arafat à TV Israel.
Além do bloqueio, o processo de paz com os palestinos continua suspenso e o envio de verbas à ANP, congelado por Netanyahu.
Anteontem, o líder palestino se referiu às sanções de Israel como uma "declaração de guerra". Em entrevista ao jornal "Yedioth Ahronoth", Arafat disse que os palestinos deveriam se preparar para "o que está por vir".
Netanyahu respondeu às declarações afirmando que a ANP não deveria criar "a assim chamada violência espontânea".

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