São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Sobrevivente relata queda de avião

ARNALDO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Um prato de macarrão. Foi isso que Hong Hyun Sung, 35, um dos 29 ocupantes a sobreviver ao acidente aéreo com o Boeing-747/300 da Korean Air, pediu ao chegar ao National Medical Center, em Seul, a capital da Coréia do Sul. Ele ficará um mês em recuperação.
Com algumas queimaduras, duas costelas fraturadas e uma perfuração no pulmão, Hong diz que se lembra de todas as cenas do desastre e só lamenta não ter salvado quatro crianças que, segundo ele, ainda estavam vivas momentos após o avião cair em Guam, ilha do Pacífico administrada pelos EUA.
O avião da Korean Air, que saíra de Seul, caiu, em meio a uma forte tempestade, 5 km antes de atingir o aeroporto de Agaña (a capital de Guam).
Segundo o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, sigla em inglês), responsável pelas investigações do acidente, as causas da queda só serão determinadas daqui a ao menos um ano.
A rede de TV NBC, dos EUA, citando fontes não identificadas, afirmou que o acidente foi provocado por um erro humano -o piloto, segundo a rede, confundiu um sinal vindo da montanha em que caiu o avião com o sinal do aeroporto.
O responsável pelas investigações, George Black, disse que a hipótese é "pura especulação". A Korean Air afirmou que as conclusões são precipitadas.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista de Hong Hyun Sung.
*
Pergunta - Você percebeu algum problema com o avião antes do acidente?
Hong Hyun Sung - Não. Não vi fumaça e nem fogo. Também não ouvi nada estranho. Pensei apenas que o avião estava em processo de aterrissagem normal.
Pergunta - Como você escapou dos destroços?
Hong - Quando o avião caiu, consegui escapar por cima porque estava bem próximo de uma parte quebrada. Chovia um pouco e logo vi uma aeromoça carbonizada no lado de fora.
Pouco tempo depois, ouvi gemidos de crianças vindos de dentro do avião. Perguntei quantos eram e elas disseram que estavam em quatro.
Quando tentava levar a aeromoça para um lugar mais seguro, ouvi uma explosão de dentro do avião.
Pergunta - Como foi o atendimento em Guam?
Hong - Muito bom. Voluntários sul-coreanos, funcionários de uma empresa telefônica e o pessoal da Cruz Vermelha Internacional nos ajudaram. Passei bem lá.
Pergunta - O que você pensou quando percebeu que estava definitivamente salvo?
Hong - Pensei no meu pai, que está com câncer e não deve ter mais do que um mês de vida. Imaginei que ele sofreria muito se o filho tivesse morrido antes.
Pergunta - Você nunca mais viajará de avião?
Hong - Não posso dizer isso. Antes do acidente, gostava muito de aviões. Tenho até uma coleção de miniaturas.

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