São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estado de Betinho é terminal, diz médico

DA SUCURSAL DO RIO

É muito grave, desde a madrugada de ontem, o estado de saúde do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, 61, devido ao agravamento da hepatite que causa insuficiência das funções do fígado.
Ao meio-dia de ontem, o médico Walber Vieira, infectologista que cuida de Betinho, disse que a situação era "extremamente difícil" e que tudo dependeria da resposta do organismo de Betinho. Vieira classificou como "muito pequena" a possibilidade de reação.
Ele disse considerar Betinho "fora de possibilidade terapêutica", o que, no jargão médico, significa que o paciente é terminal.
Perguntado se o quadro poderia ser considerado irreversível, o médico disse: "Essa é a minha avaliação, mas eu não sou Deus".
A única possibilidade de tratamento seria um transplante de fígado, descartado devido à fragilidade da saúde do sociólogo, que sofre de Aids e está pesando cerca de 39 kg.
Segundo Vieira, no entanto, Betinho não tem no momento nenhuma "infecção oportunista", como são chamadas as infecções que afetam os soropositivos, devido à falência do sistema imunológico causada pelo vírus HIV.
Desde ontem à noite ele está sedado. Antes de receber os sedativos, reconhecia as pessoas que o cercavam, mas falava com dificuldade.
O vírus da hepatite C foi contraído por Betinho em transfusão de sangue, tendo sido detectado em 94. A hepatite C é, de acordo com Vieira, uma doença de evolução lenta, mas que leva à morte muitos pacientes.
A doença está causando também distúrbios na coagulação do sangue de Betinho, que, por ser hemofílico, tem tendência a sofrer hemorragias.
Ele está recebendo vitamina K, albumina e diurético, porque a hepatite o está levando também a reter líquido.
Betinho está em casa, em Botafogo (zona sul do Rio). Ele está acompanhado pela mulher, Maria Nakano, pelos filhos Henrique, 16, e Daniel, 30, e por alguns amigos mais próximos.
Ele recebe assistência permanente de uma enfermeira e de um fisioterapeuta e, depois do agravamento do caso, também dos médicos Walber Vieira e Henrique Sérgio Coelho (hepatologista).
Foi montada uma unidade de terapia intensiva para atendê-lo e ele se alimenta por via enteral (sonda).
No mês de julho, Betinho passou 27 dias internado na Beneficência Portuguesa, na Glória (zona sul do Rio).
Nesse período, sofreu de hepatite medicamentosa -causada pelos medicamentos do coquetel anti-Aids-, estomatite (infecção na mucosa da boca) e pneumonia bacteriana.

Texto Anterior: Sociólogo articulou Ação da Cidadania
Próximo Texto: Municípios têm arrecadação insuficiente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.