São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Cúpula da PM se mobiliza

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Com muita disposição para atacar os governos federal e dos Estados, a cúpula da Polícia Militar de todo o país se reúne a partir de hoje em Foz do Iguaçu, no Paraná.
O encontro nacional, previsto para acabar na próxima quarta-feira, deve refletir o mesmo tom de protesto registrado nas greves inéditas que a PM realizou recentemente.
Estarão juntos os comandantes gerais da polícia e também dos Corpos de Bombeiros.
Segundo apurou a Folha, será o início de uma reação organizada a possíveis modificações estudadas pelos governos, como a desmilitarização.
A cúpula da PM tenta consolidar um lobby político para barrar qualquer possibilidade de modificação na sua estrutura e funcionamento atuais.
Por este motivo, o encontro terá a presença de parlamentares como o deputado federal Alberto Lupion (PFL-PR), um dos mais fiéis e engajados no apoio aos policiais.
Alerta
Em um texto de convocação para a reunião que começa hoje, o coronel Luiz Fernando de Lara, presidente do Conselho Nacional dos Comandantes Gerais, alerta sobre a situação da segurança pública.
Segundo Lara, as corporações militares têm deixado de receber o "apoio e respeito" que merecem.
"Em vista de tudo o que vem acontecendo em nosso país, reputo da maior importância o encontro que ora realizamos", diz o coronel.
Na mesma convocação, Lara destaca a importância política do encontro para os comandantes das Polícias Militares.
"Espero que possamos tomar decisões inteligentes, coerentes, que conduzam novamente nossas corporações ao espaço que sempre ocupamos na sociedade e no campo da segurança pública", afirma o coronel Lara.
Ministro
Os comandantes aguardam para amanhã, no encontro, a presença do ministro da Justiça, Iris Resende. Pretendem deixar claro o sentido de insatisfação que toma conta das PMs no país.
Também está prevista uma palestra do secretário nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, José Gregori. Será outra oportunidade para a exposição de críticas dos comandantes ao governo.
Gregori foi o responsável pelo pacote de medidas sugeridas, por meio de uma emenda constitucional, que prevê inclusive a extinção das PMs.
Segundo a proposta do governo federal, caberia aos Estados qualquer decisão sobre segurança pública, inclusive a própria extinção.
Atualmente, o assunto é regido pela Constituição, o que impede os Estados de realizar reformas mais radicais.
A proposta de Gregori determina ainda que os crimes cometidos por militares passem a ser julgados na Justiça comum, com o fim automático das Justiça Militar dos Estados.

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