São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Rede católica tem crescimento recorde

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Com pesado apoio financeiro da Igreja Católica e boa vontade do Ministério das Comunicações nas concessões, o canal católico Rede Vida teve um crescimento recorde na história do país.
Este mês, o canal inaugurou um retransmissor no valor de R$ 1 milhão, capaz de levar sua imagem, com qualidade, para toda a região metropolitana de São Paulo pelo canal 40 de VHF. A conta foi paga pela Arquidiocese de São Paulo e outras dioceses da região.
Ela começou a transmitir em abril de 95 e em pouco mais de dois anos já pode ser vista em cerca de 500 cidades. Está nas três empresas de TV a cabo e também pode ser captada por parabólicas. Há 50 milhões de espectadores potenciais.
O segredo do crescimento da emissora é o apoio da Igreja Católica. Como em São Paulo, cada arquidiocese ou diocese do país está coletando dinheiro para instalar retransmissores em suas regiões.
A única emissora de sinais da Rede Vida fica na cidade de São José do Rio Preto (451 km a noroeste de São Paulo). Dali, a imagem é enviada a um satélite da Embratel, que a retransmite para todo o país.
Para captar esse sinal de satélite, basta uma parabólica comum. Depois de captado, é retransmitido para a região. As dioceses têm comprado a parabólica e os retransmissores. O custo do equipamento varia. Em cidades pequenas, pode custar US$ 10 mil. Com isso, os custos da expansão são divididos entre os católicos de todo o Brasil. Nenhuma rede de TV cresceu tão rapidamente no país.
O crescimento da Rede Vida ainda tem sido facilitado pela velocidade na concessão de outorgas do Ministério das Comunicações para a instalação das retransmissoras.
310 concessões
Em abril de 1996, enquanto se realizava a assembléia anual da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o ministério liberou 310 concessões. Antes, ela possuía 40.
A liberação em massa provocou a reação de representantes dos setores técnicos do SBT, Record, Bandeirantes, Manchete, OM e Globo. Em carta à Secretaria de Fiscalização e Outorgas do Ministério das Comunicações, manifestaram de maneira "veemente sua perplexidade com a ocorrência".
A carta dos técnicos insinua que a Rede Vida conseguira a aprovação das concessões sem a apresentação de projetos técnicos que demonstrassem sua viabilidade.
A carta acabou sendo desautorizada pelas direções das emissoras, preocupadas em não entrar em rota de colisão com o Ministério das Comunicações. Na época, foi veiculada a informação que o documento teria sido uma "armação" da Igreja Universal.
Segundo João Monteiro de Barros Filho, diretor da Rede Vida, não houve proteção: "Junto com as nossas concessões, saíram outras para todas as principais redes, o processo foi normal". A assessoria de imprensa do Ministério das Comunicações nega ter havido proteção e diz que a carta dos setores técnicos das emissoras foi desautorizada pelas diretorias.
Hoje, a programação e operação da Rede Vida é mantida com uma verba publicitária de R$ 600 mil por mês. Segundo Barros Filho, a verba é muito baixa para os padrões de uma rede nacional. Hoje, a emissora está produzindo 17h de programação por dia. Toda a programação tem conteúdo católico.

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