São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Lima Barreto é o próximo lançamento da 'Biblioteca Folha'

DA REDAÇÃO

A "Biblioteca Folha", em parceria com a Ediouro, lança na próxima quinta-feira, dia 14, o livro "Clara dos Anjos", de Lima Barreto (1881-1922).
É o nono volume da coleção, que já publicou "Espumas Flutuantes", de Castro Alves, "O Primo Basílio", de Eça de Queirós, "Iracema", de José de Alencar, "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, "O Noviço", de Martins Pena, "A Relíquia", de Eça de Queirós, "Três Autos", de Gil Vicente, e "Amor de Perdição", de Camilo Castelo Branco.
Ao comprar a Folha de quinta-feira nas bancas, o leitor adquire, por R$ 1,80, uma apostila com informações e exercícios que avaliam a compreensão de "Clara dos Anjos" e ganha o livro de brinde.
Os próximos lançamentos do mês de agosto serão "Sonetos", de Bocage, no dia 21, e "As Pupilas do Senhor Reitor", de Júlio Dinis, no dia 28.
Preconceito social
Um dos mais destacados representantes do pré-modernismo, Lima Barreto aborda, em "Clara dos Anjos", questões como preconceito racial e, principalmente, social.
O livro conta a história de Clara, menina mulata do subúrbio do Rio de Janeiro que engravida de um rapaz branco de classe social superior. Quando ela e sua mãe resolvem procurar a família do moço, acabam sendo destratadas.
"Um dos maiores méritos de 'Clara dos Anjos' é mostrar o quanto o preconceito racial está ligado à posição que a pessoa ocupa na sociedade. É a obra de Barreto em que esse tema mais se manifesta", explica o professor de literatura do Anglo Ulisses Infante.
Ele acrescenta que a literatura de Lima Barreto, carioca filho de mestiços pobres, sempre esteve ligada à conscientização das massas.
"Com seu estilo simples e supermoderno, ele compreendia como ninguém os mecanismos de dominação. Por isso mesmo, foi muito criticado", define Infante.
Entre as obras de Lima Barreto, estão "Triste Fim de Policarpo Quaresma" e "Recordações do Escrivão Isaías Caminha".

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