São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Modelos preferem solidão a sair com homem 'galinha'

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

No prédio onde moram, no Jardim Paulista (zona sudoeste), são conhecidas como "meninas do apartamento". As "meninas" são seis modelos da agência Táxi que vieram para São Paulo trabalhar.
A maioria dos vizinhos desse apartamento alugado no Jardim Paulista é de famílias ou pessoas mais velhas. Como elas, no bairro há 13.707 mulheres a mais que homens, a maior "sobra" proporcional em São Paulo, 36,3%.
Essas meninas, que têm entre 16 e 19 anos, à primeira vista não teriam nenhuma dificuldade com o sexo oposto. Mas reclamam que, nos lugares onde vão, encontram muitos homossexuais. E é claro que eles não se interessam por elas.
"Os modelos que conhecemos também são muito 'galinhas', não dá para namorar", diz a gaúcha Joice Schenkel, 17. O resultado é que elas preferem sair sozinhas e não ter namorado fixo.
Homem só faz falta, dizem, quando ficam carentes, "ou quando precisamos conversar com alguém que não pode ser da família e nenhuma de nossas amigas", diz Danieli Gude, 16.
Junto com Virginia Rambo, 18, Mara Rúbia Loch, 19, Camila Gude, 17, e Fernanda Heringer, 17, que também moram no apartamento, Danieli e Joice definiram regras de convivência que chamam de "mandamentos".
O principal deles é não permitir homens no apartamento, a não ser para esperar alguma delas para sair. "A gente sempre quebra algumas dessas regras, mas essa é mais respeitada", diz Mara Rúbia.
Falta, mesmo, elas só sentem da família -três vieram do Rio Grande do Sul e as outras três do interior de São Paulo.
Como elas, Renata Leme, 16, modelo da agência Elite que mora com uma amiga no mesmo bairro, só sente falta da família.
Ela chegou de Maringá (PR) há duas semanas e estranhou saber que o seu bairro é um dos que mais tem mulheres "sobrando".
"Só saí do apartamento nas férias, e notei muita competição entre as meninas por paqueras. Pode ser que os homens estejam mesmo em falta. Mas não paquero ninguém, vim para trabalhar", diz.
Para enfrentar a saudade da família e, em alguns casos, do namorado, só resta uma solução.
"Quando bate a saudade, uma ajuda a outra. Apesar de nos conhecermos há pouco tempo, nos damos bem sozinhas."
(MGs)

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