São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Fapi acirra competição na previdência

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O instrumento que o governo idealizou para dar um empurrão na previdência privada, o Fapi, saiu do papel e virou lei. Falta apenas ser regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional. Depois, virá o maior desafio: ganhar mercado e quebrar resistências tupiniquins à poupança de longo prazo.
Há quem avalie que essa nova alternativa para complementação de aposentadoria, por ser amarrada no IOF, corre o risco de ficar parada na prateleira dos bancos e seguradoras, por falta de clientes.
Outros, dentro e fora do governo, pensam diferente. Entendem que o Fapi (Fundo de Aposentadoria Programada Individual) chega para acirrar a concorrência na previdência privada e abrir caminhos.
Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente da Bradesco Previdência, embora ressalvando que o Fapi é mais "acumulação financeira sem impostos" do que previdência, admite que o produto aumentará a competição no setor.
Isso tende a ocorrer, diz ele, porque haverá mais operadores e canais de distribuição no mercado. "A criatividade que vai aparecer na arquitetura dos Fapis poderá fazer diferença", acrescenta Cappi.
Sérgio Timm, diretor-presidente da Vera Cruz Vida e Previdência, não considera o Fapi concorrente da previdência privada. "Mas vou ter o produto", antecipa.
O maior diferencial do novo fundo será o custo para o cliente, aponta José Roberto Mendonça de Barros, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e considerado "pai do Fapi".
Nos planos de previdência privada atuais, há o custo de administração, que varia de 3% a 12%. Se é de 5%, por exemplo, de cada R$ 100 que o participante aplica, apenas R$ 95 são capitalizados.
Além disso, a rentabilidade que excede IGP-M mais 6% ao ano é repartida com o participante.
No Fapi, haverá taxa de administração, porém descontada da valorização das cotas, como nos fundos normais, e limitada a 2% ou, no máximo, 4% ao ano. Fora isso, a renda será toda do cotista.
A qualidade do serviço e a rentabilidade serão pontos concorrenciais dos Fapis, concorda Cappi.
A regulamentação será racional, "para que o produto possa vingar", promete Francisco Marcelo Rocha Ferreira, consultor da Secretaria de Política Econômica.

LEIA MAIS sobre Fapi na pág. 2-6

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