São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Vicentinho pode ser reeleito sem maioria

DA REPORTAGEM LOCAL

O "racha" na Articulação, corrente política majoritária na CUT (Central Única dos Trabalhadores), pode fazer com que Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, seja reeleito presidente sem a maioria dos votos.
Caso isso aconteça, será a primeira vez na história da CUT que o grupo político de Vicentinho elegerá um presidente sem o voto da maioria.
Na semana passada, os bancários da corrente, em guerra declarada contra Vicentinho, lançaram um documento no qual não descartam a possibilidade de lançar uma chapa própria para a eleição, que acontece durante o congresso da central, de quarta a domingo. O mandato é de três anos.
"Nós consideramos que a discussão não está encerrada. Nem mesmo sobre o melhor nome para presidir a central", afirmou Ricardo Berzoini, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
A decisão dos bancários vai depender da habilidade de outros dirigentes da Articulação em contornar a crise que dividiu os bancários e o grupo que apóia Vicentinho.
O "racha" começou depois que Vicentinho anunciou, há cerca de um mês, que concorreria a mais um mandato na central.
O anúncio foi feito depois de Vicentinho ter dito por três vezes que sairia candidato a deputado federal e indicado o nome do bancário João Vaccari Neto, secretário-geral da CUT, como seu virtual substituto.
Discordância
Segundo Ricardo Berzoini, o debate sobre a sucessão da CUT foi personalista e centralizado.
Ele considera que não houve o interesse da Articulação em aceitar as críticas que os bancários tinham a fazer quanto ao último mandato de Vicentinho.
Os bancários fazem uma série de críticas à gestão de Vicentinho.
Eles não concordaram, por exemplo, com a participação de Vicentinho nas discussões sobre a reforma da previdência no ano passado.
Outro ponto de discordância foi a convocação da greve geral no ano passado, avaliada como um fracasso.
"As discussões sobre a sucessão não estão sendo feitas de modo crítico. A CUT não pode ser de um homem só", diz Berzoini.
O presidente da CUT de São Paulo, José Lopez Feijóo, sai em defesa de Vicentinho. Segundo ele, as críticas dos bancários são infundadas.
"Eles estão criticando Vicentinho só porque Vaccari não foi indicado para a presidência", afirma Feijóo.
Ele diz que todas as decisões tomadas na CUT foram decididas pela maioria, inclusive com a participação dos bancários.
"Vicentinho esteve nos debates sobre a reforma da previdência porque a CUT decidiu que era importante ele participar. A greve geral também foi decidida pela maioria", afirmou Feijóo.
Vicentinho, que participou na semana passada de um congresso de sindicalistas em Cuba, tem evitado comentar as críticas dos bancários.
Nas declarações que deu antes da viagem, Vicentinho afirmou que nunca teve o apoio dos bancários e que sua permanência na central foi uma decisão da maioria.

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