São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997 |
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Para Vaccari, gestão foi centralizadora
DA REPORTAGEM LOCAL O secretário-geral da CUT, João Vaccari Neto, afirma que a última gestão da CUT foi conduzida de forma centralizadora. Segundo ele, os bancários querem discutir a gestão de forma clara, mas descartam a união com outras correntes.* Folha - Os bancários ligados à Articulação podem lançar candidatura própria à presidência da CUT? João Vaccari Neto - Para nós, a discussão sobre a sucessão na CUT ainda não foi encerrado. Inclusive quanto ao melhor nome para ocupar a presidência. Na semana passada, depois de um debate interno, os bancários da Articulação lançaram um documento no qual concordam com as críticas feitas pelo sindicato de São Paulo e reivindicam mudanças no interior da corrente política. O documento deixa claro que podemos seguir três opções: participar da chapa de Vicentinho, não participar, mas votar nele, ou ter uma própria chapa. Folha - E você seria o candidato a presidente nessa chapa? Vaccari - Eu não recuso desafios, mas, como disse, nós ainda não temos uma definição. Folha - E quando sai a definição? Vaccari - Na terça acontece uma reunião da Articulação, onde iremos tentar retomar as discussões. Mas eu acho que o debate da sucessão não termina antes da plenária dos delegados, durante o congresso. Por enquanto, não dá para prever o que irá acontecer. - Vocês não temem que uma chapa dos bancários possa levar à derrota da Articulação? Vaccari - Nosso objetivo não é provocar um "racha" na Articulação. Nossa preocupação é criar uma dinâmica para o debate político dentro da corrente. É isso que estamos propondo e é por isso que levantamos todas essas críticas. Nós queremos que a Articulação discuta sua política e suas atitudes. Não é de hoje que estamos pregando isso. Folha - Há a possibilidade de união com outras correntes políticas da central? Vaccari - Não. Não temos conversado com outros grupos, até porque temos muitas divergências de concepção política. Nós somos parte da Articulação, um de seus principais formuladores. Queremos fazer o debate internamente. Folha - O que pode acontecer com a CUT, caso os problemas não sejam discutidos claramente? Vaccari - Se não fizermos um debate claro, um balanço crítico da última gestão, se não definirmos o que queremos da CUT daqui para frente, teremos um período de grave crise na central. Não dá para prever os resultados, mas tenho certeza que não serão bons para a própria CUT. Na medida em que os problemas não são discutidos, eles vão se acumulando, até um momento em que explodem. Folha - Que tipo de crítica vocês fazem à gestão de Vicentinho? Vaccari - Nós achamos que a última gestão foi conduzida de forma muito personalista, muito individualista, sem ouvir a coletividade. Esse foi e é o grande problema. É preciso que todos tenham compreensão da necessidade de debater as idéias, de aceitar as críticas. Mas é difícil para o Vicentinho aceitar críticas. Texto Anterior: Crise anima os adversários Índice |
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