São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997 |
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El Salvador tenta ir à Copa com brasileiros Ex-alcoólatra e júnior formam ataque da seleção RODRIGO BERTOLOTTO
Para eles, a razão para vestir a camiseta salvadorenha é, antes de tudo, financeira. "As eliminatórias são uma vitrine. E, se chegarmos à Copa, aí é que vai chover propostas boas", afirma Israel, 20. Os dois têm a missão de levar pela terceira vez a um Mundial o selecionado do país. Atualmente, El Salvador está em quarto lugar no hexagonal decisivo da Concacaf, entidade que congrega as seleções da América Central, do Norte e Caribe. A sua frente na tabela, estão México, Costa Rica e EUA. Seguem atrás Canadá e Jamaica. E só três se classificam para a França-98. "É um pouco difícil, mas não impossível", diz Nidelson, 28, que é o irmão mais velho dos flamenguistas Nélio e Gilberto. Ele trocou o Itaperuna, time modesto do Rio, pelo futebol salvadorenho em 1989, atraído por um salário mensal de US$ 500. Com suas economias, conseguiu voltar de férias apenas uma vez ao Brasil, no ano passado, quando comprou um terreno e uma casa. Jogou também na Costa Rica e no México. Até que em 1994, caiu no alcoolismo e se internou em uma clínica de desintoxicação. Recuperado e jogando no Toros Neza, do México, Nidelson encontra razões socio-políticas para o que está fazendo. "Este país sofreu 12 anos de guerra e precisa de uma alegria. Quero dar isso a eles". Por seu lado, Israel tem uma teoria para a falta de atacantes locais. "Os salvadorenhos são muito baixinhos. Por isso, não tem bons atacantes", diz o jogador de 1,81 m de altura e com retrospecto de 70% de seus gols marcados de cabeça. Israel trocou há oito meses o salário de R$ 50 que recebia no júnior do Paraná Clube pelos US$ 1.500 do time salvadorenho Luis Angel Firpo. Deixou em Curitiba a família e a namorada, para quem liga todos os domingos. Para o atacante, o desejo de vestir a camiseta da CBF é passado. "Prefiro a realidade de estar na seleção salvadorenha à ilusão de jogar pelo Brasil." Os dois fizeram apenas um jogo juntos. O amistoso contra o Envigado, da Colômbia, terminou empatado em 0 a 0. A Costa Rica protestou junto à Fifa contra a inclusão de Nidelson e Israel com as eliminatórias em fase decisiva. Mas o pedido foi negado, pois a entidade não pode proibir os países de naturalizar cidadãos. Texto Anterior: França em obras Próximo Texto: Futebol desencadeou guerra Índice |
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