São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Morador prefere ônibus longe

DA REPORTAGEM LOCAL

Os ônibus que trafegam pela av. Nove de Julho, na região central de São Paulo, estão expulsando muitos moradores da área.
Segundo Alberto Silva, 25, gerente de locações e vendas da Itambé Imóveis, moradores antigos tentam vender seu imóvel e mudar para um lugar mais calmo.
Essa tarefa nem sempre é fácil ou lucrativa. A Itambé tenta vender há oito meses, sem sucesso, um imóvel na avenida.
Além do maior tempo para fazer negócios, os imóveis, em geral, têm valor de venda menor do que similares em outras regiões. Os descontos variam de 15% a 30%.
"Uma proprietária de um apartamento de três dormitórios e 135 m2, por exemplo, começou pedindo R$ 190 mil, mas agora se contenta com R$ 140 mil", diz Silva.
A Itambé tem em sua carteira cerca de 30 imóveis para alugar ou vender na av. Nove de Julho.
"Não deixamos de negociar imóveis nessa região, mas avisamos o proprietário que trata-se de um negócio mais complicado."
Jorge Brandini, 31, sócio da imobiliária Planal, que também atua na região, diz que há imóveis que estão sendo oferecidos no mercado há mais de dois anos.
"O proprietário tem de negociar muito o preço. Se não reduzir, vai demorar para fechar negócio."
A Planal tenta vender um apartamento de 200 m2 de área útil e três dormitórios por R$ 100 mil. "Fora da avenida, custaria tranquilamente R$ 135 mil."
Com os valores do aluguel, a situação se repete. "Uma locação que normalmente custaria R$ 1.300 sai por até R$ 850."
Fluxo
O fluxo de ônibus justifica a opção de moradores pela venda do imóvel. Segundo a SPTrans, empresa responsável pela gestão do transporte urbano de São Paulo, o corredor Santo Amaro/Nove de Julho é o que tem maior fluxo de ônibus em São Paulo. Circulam por ali 400 ônibus por hora -das 4h às 24h.
"É muito barulhento. Não dá para viver bem com tanto ônibus na porta", diz a depiladora Zilá Aparecida da Silva, que mora em um apartamento alugado na av. Santo Amaro.
Após cinco anos morando no imóvel, diz que vai trocá-lo por outro perto, mas em rua tranquila. "Não vale a pena ficar aqui, ainda mais que achei outro apartamento pelo mesmo preço", diz Zilá, que paga R$ 450 mensais de aluguel.

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