São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Filarmônica de Israel

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O regente indiano Zubin Mehta, 61, que vem ao Brasil com a Filarmônica de Israel, é um dos mais queridos do grande público.
Para os fãs, isto se chama carisma. Para os desafetos, demagogia. Eleazar de Carvalho, que foi seu professor, dizia que Mehta gostava de jogar para a torcida, como um gestual arrebatado, indicando menos o que os músicos da orquestra deviam fazer do que o que o público deveria sentir.
*
Folha - Como é vir ao Brasil pela oitava vez?
Zubin Mehta - Estava ansioso por isto. Adoro seu público e suas salas de concertos e já estou bastante acostumado a tocar no parque, em São Paulo.
Folha - Tantas passagens por nosso país não lhe deram a idéia de reger música brasileira?
Mehta - O problema é que estamos em uma turnê grande, em vários países, e não dá para fazer um compositor diferente por país.
Folha - Por que o público responde de maneira tão calorosa a seus concertos? Ao reger, o sr. se preocupa muito com ele?
Mehta - Claro que sim. No caso brasileiro, já conheço o público muito bem, já que estive por aí pela primeira vez em 1971. Lembro-me especialmente de um concerto maravilhoso na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Folha - Por que a orquestra apresenta, no parque, um programa diferente do Teatro Municipal?
Mehta - O concerto no parque é mais leve, não é muito longo. Temos um grande repertório e sabemos que, no domingo de manhã, as pessoas não estão muito a fim de ouvir peças longas. Tenho uma grande experiência com isso, pois é a quarta vez em que toco no Ibirapuera -lembro-me de ter estado por aí com a Filarmônica de Nova York, o Maggio Musicale Fiorentino e a própria Filarmônica de Israel.
Folha - O sr. não acha que o acúmulo de muitos empregos por um regente pode fazer com que ele perca o contato com os músicos?
Mehta - Mas não é o meu caso. Tenho apenas Israel e, nos meses de maio e junho, o Maggio Musicale Fiorentino, de Florença.
Folha - E a Bayerische Staatsoper, de Berlim?
Mehta - Só vou assumir no ano que vem. Naturalmente, vou ter que reduzir as atividades com Florença e Israel.
Folha - E quanto a reger como convidado?
Mehta - Faço isso muito raramente, em Viena e Berlim. Fiquei contente neste ano porque, pela primeira vez em muito tempo, fui convidado para reger em Nova York.
Folha - Como está aquela idéia de fazer a ópera "Turandot", de Puccini, com direção cênica do cineasta Zhang Yimou?
Mehta - Fizemos em julho, e foi um grande sucesso. No ano que vem, repetiremos a ópera em Pequim, na Cidade Proibida, que será filmada.

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